Há uma célebre frase no mundo do futebol: “um time pode até sobreviver sem títulos, mas não sem ídolos”.
Cada um de nós é vascaíno por influência de parentes ou amigos, ou mesmo por ter assistido a uma conquista marcante do time cruz-maltino. Mas se há algo que nos fideliza nessa paixão é a existência de um ídolo que tenha marcado nosso primeiro contato com o Vasco. É o ídolo que joga com garra mesmo sem brilho, que marca aquele gol inesquecível contra o maior rival, que recusa propostas para jogar em outros clubes, dada sua identificação com o clube.
É verdade que, nas últimas décadas, essa figura tem sido cada vez mais rara no futebol brasileiro, seja porque as revelações logo são objeto de especulação por clubes estrangeiros ou porque o time não está em boa fase. Entretanto, embora raros, os ídolos ainda existem e são fundamentais para a consolidação do amor do pequeno vascaíno pelo Gigante da Colina.

Mas o que fazer em tempo de “vacas magras”, tanto do ponto de vista financeiro quanto técnico? Como “segurar” uma jovem promessa vascaína diante das ofertas milionárias apresentadas a ela, sem prejudicar seu futuro profissional, por um lado, mas sem “queimá-lo” perante a nossa torcida?
Não, eu não tenho respostas fáceis e imediatas. Se as tivesse, certamente seria conselheiro, quem sabe até candidato a Presidente do Vasco. Mas sei que um grande clube não é feito apenas de um belo estádio, uma vasta sala de troféus e um balanço patrimonial de respeito. Um grande clube, um Gigante carece precipuamente de uma torcida. E uma torcida somente se perpetua quando sabe que aquele ídolo, embora já veterano, ao pendurar suas chuteiras vai deixar em seu lugar um jovem já identificado com a Cruz de Malta que ostenta em seu peito e que, acima de tudo, jogue com garra, com gana de vitória, não apenas para valorizar o seu passe, mas porque sente orgulho e honra de vestir a camisa do Vasco da Gama.
Eis o ídolo no futebol. No nosso caso, ele é o herói da criança vascaína. Se ele representá-la em campo, com gols, suor e sangue, pode até um dia sair do Vasco, mas o Vasco não sairá dele. Aí, quando aquela criança crescer, pode até se tornar um adulto que não frequente São Januário, que não comemore muitas conquistas de campeonatos, mas nunca vai deixar morrer nele aquela paixão que surgiu em sua mais tenra idade, fomentada por seu herói vascaíno.
Afinal, nas palavras do saudoso ex-presidente do Vasco, Cyro Aranha, “enquanto houver um coração infantil, o Vasco será imortal”.

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