Reza a lenda que a morte de um gigante é feita pelas suas bases. Reza a lenda que as bases que seguram um gigante são justamente seu ponto mais fraco. Para derrotá-lo, destrua suas bases e aguarde que ele perecerá. E o nosso Gigante está morrendo. Aos poucos. Gravemente ferido em suas bases, sangra e vai definhando dia após dia.
O Vasco sempre se orgulhou de ser o Clube do Povo. Sua história foi escrita e contada por diversas lutas e vitórias épicas no campo e nas salas internas de suas administrações. Mas hoje a história é outra. O Vasco definha a olhos vistos: financeiramente, politicamente, esportivamente. O Vasco não possui mais respeito. Tudo é motivo de piada e chacota. Não importa o resultado. Em muitos anos passamos vergonha no campo, apenas. Mas ela se estendeu demais.
Hoje, perdemos um símbolo. A derrocada de São Januário da forma como aconteceu hoje é uma das maiores vergonhas da história do Clube do Colina. Em pleno ano de comemorações pelos seus 90 anos, o Estádio da Colina Histórica vive um de seus dias mais tristes. E esse lamentável episódio tem responsável direto e indireto, com nome, sobrenome e charuto, de brinde: Eurico Miranda.
A tentativa de criar a ilusão de um time forte, quando não o é. A promoção de uma guerra para, apenas, um grande clássico. O apoio financeiro a um grupo que, como torcida organizada, está proibido de frequentar estádio de futebol. A promoção de picuinhas e guerras políticas internas que vão criando um ambiente hostil para aqueles que gritam por seus direitos como torcedores e políticos de seu amado clube. A soma desses e diversos outros fatores vão minando a paciência de muitos e exacerbando a imbecilidade de alguns.
São Januário será impiedosamente fechado. O time será punido por perder a sua mais importante arma, o Clube por perder seu maior símbolo de glórias e a torcida a sua joia mais preciosa.
Futebol não é isso! Futebol é luta, é disputa, são vitórias e são derrotas. Saber perder faz parte da educação de todo ser humano e de todo esportista. Quando não se assume a sua derrota, abre-se o maior precedente para que elas sejam sucessivas e impiedosas. Ao assumir esse papel de falsa vitória em diversas derrotas morais, o “baforador de charuto” ensina aos demais (com menos raciocínio do que ele próprio) a guerrear como se fosse a vida que está sendo perdida.
Hoje, torcedor vascaíno, nós perdemos a alma, perdemos o orgulho e manchamos a história do nosso Clube. Basta! Não podemos mais passar tanta vergonha. Que a lágrima de muitos que lá estavam e ficaram com medo pelos seus amigos, seus amores e seus familiares jamais venha novamente passar por um episódio tão vergonhoso. Que ela venha pelas vitórias, ou até pelas derrotas. Mas que sejam dignas e sem selvageria.
Perdão, São Januário. Que nessa derrota, faça um novo milagre. Liquefaça e refaça o sangue do verdadeiro vascaíno e nos dê o caminho para a volta das vitórias.
Em anos e anos de amor à Cruz de Malta, jamais senti tanta vergonha. Destruir a própria casa e o direito de usá-la só não é pior do que acabar com a própria vida.
Saudações Vascaínas.
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