Era o primeiro jogo após “o sacode” dado pelo Corinthians. O cenário era o mesmo … São Januário. O frio, que aos poucos abraçava o tradicional bairro de São Cristóvão, era compatível com aquele na espinha, experimentado por cada vascaíno, por conta das incertezas que se abateram desde a última quarta-feira.

Como a equipe iria se portar novamente em sua casa? Qual seria a formação utilizada por Milton Mendes ? E a estratégia? Partiríamos para cima com o objetivo de abafar a última atuação ou, receosos de cometermos o mesmos erros, entraríamos cautelosos e fechados?

Claramente, o que qualquer torcedor desejava, era que a equipe fizesse valer de sua casa e tomasse o rumo da partida desde o início. Afinal, nem o mais pessimista imaginava que o fracasso ocorreria novamente. O Sport, definitivamente, não é o Corinthians pensava ele.

Mas o que vimos, tão logo a escalação foi liberada, foi novamente uma surpresa que frustrou boa parte da torcida. Milton Mendes, acometido pela mesma insegurança, procurou fechar mais a equipe, escalando o até agora fraquíssimo volante Wellington, no lugar de Yago Pikachu e, mais uma vez, preteriu Nenê, que iniciou a partida novamente no banco de reservas.

O resultado foi um primeiro tempo jogado fora. A equipe, atuava de forma tímida e completamente torta, com Douglas mais avançado, Matheus Vital sem movimentação e Manga escondido. O Vasco marcava, marcava e marcava, abdicando de atacar e irritando os 10.200 presentes.

Com a equipe presa na marcação, o zagueiro Paulão era obrigado a reter a bola constantemente na defesa, realizando uma função que não era a sua e que, por sua vez, a fazia sem o menor conforto.

O adversário esperava a iniciativa vascaína e se fechava na defesa, procurando sair com agilidade quando era possível, principalmente pela sua esquerda, onde explorava os sucessivos erros de posicionamento de Henrique, mais uma vez completamente sem sintonia.  O jogo, então, seguiu até o final do primeiro tempo morno e igual, com uma chance para cada lado.

A torcida, irritada com a postura da equipe, acompanhou a saída dos jogadores para o intervalo, exigindo a entrada de Nenê em alto e bom tom, sendo atendida por Milton Mendes, que autorizou sua entrada no lugar do apagado Wellington.

Com a entrada de Nenê, que entrou jogando pelo lado esquerdo, o técnico Milton Mendes ajustou o posicionamento de diversas peças, passando Manga para o lado direito e soltando Matheus Vital para atuar com liberdade pelos dois lados do ataque.

Na defesa, Milton Mendes inverteu as posições entre Breno e Paulão,  talvez para melhorar a cobertura do lateral Henrique.

As mudanças surtiram efeito e o Vasco passou a comandar as ações, dessa vez sem correr riscos. As jogadas saíam com naturalidade, dando a impressão de que uma equipe inteira tivesse saído para dar lugar a outra, muito mais preparada, entrosada e bem posicionada.

Não demorou para que a equipe de São Januário abrisse o marcador, em contra-ataque puxado por Luis Fabiano, Matheus Vital colocou a bota a feição do Fabuloso, que deslocou de cabeça com categoria, não dando chances ao goleiro Magrão. Vasco 1 x 0 e muita festa nas arquibancadas.

Com a vantagem no marcador, a equipe do Vasco pôde atuar com mais solta e, com tranquilidade, não correu muitos riscos. Mesmo assim, não abdicou de comandar a partida, a utilizando-se de contra-ataques rápidos com Douglas, Matheus Vital, Nenê e Luis Fabiano, que mostrou estar muito mais desenvolto, aparecendo bastante no segundo tempo, inclusive em auxílio à defesa.

Em um desses contra-ataques, Douglas recebeu rebote da zaga e achou Nenê que, vendo a penetração de Evander, inverteu a jogada rapidamente para que este, por sua vez, enfiasse rapidamente para Gilberto, que o ultrapassava pela direita. Gilberto cruzou então para Douglas, que fechava pela esquerda, tocar com força e categoria para das redes, aumentando a vantagem do Gigante da Colina, completando um contra-ataque de almanaque, onde toques rápidos e objetivos, ultrapassagens e muita precisão não faltaram.

Com o segundo gol vascaíno, já aos 45 minutos da etapa final, todos em São Januário já se davam por satisfeitos, quando em jogada completamente equivocada, Gilberto comete um pênalti desnecessário, permitindo que o Sport reduzisse a vantagem do Vasco.

Convertido o pênalti pelo Centroavante André, não havia mais tempo para nada. Vasco 2 x 1 e dever de casa cumprido, mas sem motivos para empolgação.

Destaques positivos e negativos

  • Milton Mendes foi inseguro na montagem da equipe que entrou em campo e jogou fora a primeira etapa inteira. Podia ter feito falta.
  • Milton Mendes foi humilde e certeiro, não pela entrada natural de Nenê, mas sim pela escolha de Wellington para lhe ceder a vaga. Wellington, mesmo sendo peça de confiança do comandante vascaíno, não pode ser colocado de início, como solução para a equipe.
  • Mais uma vez, Milton Mendes realiza substituições completamente sem propósito. Primeiramente a entrada do Evander no lugar do Manga, que havia melhorado na segunda etapa e que chamava a marcação adversária, coisa que o Vasco perdeu com sua saída. Além disso, Evander, que é bom jogador, entrou desligado e quase comprometeu quando tentou driblar desnecessariamente na defesa. A segunda mexida equivocada, embora tivesse um objetivo claro que era fechar mais a defesa, foi a entrada de Jomar no lugar de Matheus Vital, que estava mais uma vez fazendo uma partida muito boa após a entrada de Nenê e não merecia sair.
  • Luis Fabiano vem se firmando como um líder dentro de campo, participando muito mais ativamente das jogadas e se destacando nas finalizações.
  • Martin Silva precisa treinar mais pênaltis. Foram seis só nesse campeonato e ele nem sequer saiu na foto.

Finalizando, alguém precisa falar para o Gilberto, que nunca se deve driblar para DENTRO da área, quando se está pressionado. A prepotência desse jogador o cega em diversos momentos e ontem, proporcionou ao Sport um gol de pênalti.

Saudações Vascaínas