Ontem, o conselho deliberativo do Clube aprovou por 98 votos contra 62 a proposta enviada por Campello para o retorno do sócio-geral (sócio não patrimonial mas com direito a voto no pleito para a eleição de presidente do clube). A primeira vista, o leitor menos atento comemoraria, mas há de se olhar mais a fundo a questão.
Com esse resultado, a extinta categoria de sócio geral volta a existir, no entanto com valores exorbitantes. Serão R$2.000,00 para a adesão e uma mensalidade de R$70,00. Enquanto o sócio proprietário terá uma taxa de adesão de R$2.500,00 e mensalidade de R$80,00. Essa manobra é realizada claramente para incentivar a entrada de sócios proprietários e esvaziar a nova categoria. Além disso, promove uma seleção econômica na entrada dos novos sócios. Afinal, o valor alto inibe a muitos e, quem contar com tal valor, toparia colocar mais R$500,00 e se tornar sócio proprietário.
Nas palavras do candidato a presidência Julio Brant, “Na prática, isso impede a maior parte dos torcedores de se associarem e votarem numa eleição do clube. Fecham o Vasco e machucam nossa democracia”.
Outro fato curioso que chamou a atenção durante a sessão, foi Eurico ter ido à tribuna defender a proposta junto aos demais conselheiros. Para quem segue se afirmando como oposição, Campello flerta muito com aqueles que jurou se distanciar.
Vale lembrar também que, durante a campanha, entrevistamos os candidatos a presidência do Vasco. À época, Campello ainda era candidato (antes de se unir a Brant para assumir a vice-presidência e, posteriormente abandoná-lo, unindo forças a Eurico, pelo almejado cargo de presidente) e conversou conosco. Abaixo alguns trechos interessantes e relevantes ao tema, que foram levantados durante nosso papo, na casa de Campello, na Barra da Tijuca:
SV – Você citou o Vasco Dívida Zero. Existe alguma parceria de sua chapa com o projeto?
Campello – Aquele é um processo independente da gestão do Vasco, né. Aquilo é uma iniciativa de um grupo e eles arrecadaram uma quantia expressiva para ajudar o Vasco a pagar dívidas.
Quando a gente fala do “Dívida Zero”, no primeiro momento do nosso programa de sócio é o resgate. Resgatar aquele sócio que, por algum motivo, deixou de pagar, porque não conseguiu pagar, ou porque ficou insatisfeito com a atual gestão. A gente visa convidar essas pessoas a voltarem e dar uma anistia para elas tornarem a pagar. Essa é a melhor maneira de trazê-las de volta. O segundo, seria a captação de novos sócios. De que maneira? Diminuindo o que a atual gestão fez, a nosso ver, para que não houvesse aumento na quantidade de sócios votantes e facilitar a reeleição da atual gestão. Eles desestimularam isso com o aumento expressivo da jóia, da entrada que você dá na compra do seu título. Então a gente quer reduzir esse valor e até parcelar. Então, se para entrar de sócio hoje você tem que pagar R$1500,00, a gente quer colocar a R$800,00 e dividir esse valor em seis vezes. Então isso facilita o aumento na captação de sócios.
Logo quando Campello assumiu surgiu a dúvida quanto a qual dos Campellos será realmente presidente: Aquele que era oposição ferrenha à, até então, situação ou aquele que se alinhou à família Miranda pelo poder. Parece que já temos a resposta.
Saudações Vascaínas
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