Sábado. Dia de clássico. Às 18 horas a bola rolava em São Januário, estádio que já foi palco de diversos jogos importantes, inclusive contra nossos arquirrivais. O estádio foi o maior do Brasil e das Américas por anos a fio. Dessa forma, sediou jogos até sem o dono da casa. Por vezes, algum incidente ocorreu. Nada muito grave* (a exceção da final da copa João Havelange, quando a grade do estádio cedeu devido à super lotação do estádio). Dessa vez, não podemos dizer que a escrita persiste.
Vasco e Flamengo, o clássico dos milhões, é recheado de rivalidade. Os times, principalmente quando existe uma disparidade entre a qualidade dos elencos, encaram o jogo como uma batalha. No fim de semana não foi diferente. Jogo pesado, com excesso de faltas, poucos lances de qualidade. A torcida, vibrava a cada passe certo ou chute a gol. No entanto, algo de estranho pairava no ar. O clima era maior que o de um jogo do brasileiro. Havia uma pressão a mais, o ar estava pesado.
O jogo, como dito acima, não foi nada demais. O Flamengo aproveitou uma das poucas oportunidades que teve e abriu o placar. O Vasco, como sempre, se amparava nas jogadas nas laterais com muitos cruzamentos para as conclusões de Luís Fabiano. Houve, inclusive, ao menos um pênalti não marcado a favor do Gigante da Colina. No entanto, as escassas boas jogadas e a previsibilidade vascaína cobraram seu preço. 1 a 0 para o time da Gávea.
Na arquibancada, ao final do jogo, a pressão escalou, subiu até alcançar um ponto insustentável e culminou em violência. Torcedores vascaínos, revoltados pelo resultado, depredaram o próprio patrimônio. Sem conseguir eleger ao certo o responsável pela derrota, foram contra a própria casa. Não tardou para que objetos fossem lançados a campo. Posteriormente, bombas começaram a estourar no campo e no meio da torcida. Algumas de efeito moral, lançadas pelos policiais para controlar a multidão, outras de procedência desconhecida.
O fato a ser levantado aqui é: de onde vieram essas bombas. 12 bombas, para sermos mais precisos. A entrada do estádio era guardada tanto por seguranças quanto por policiais, todos responsáveis pela revista dos torcedores (agora acontece o jogo do empurra entre diretoria e a Polícia Militar para definir o responsável pela falha). No entanto, ao menos 12 bombas apareceram. 12 artefatos de procedência duvidosa estouraram. Colocando em risco torcedores, policiais, profissionais e, o mais triste, famílias. Depoimentos colhidos no Facebook (não podemos comprovar a veracidade dos mesmos) dão conta que membros da torcida distribuíram, após o jogo, as bombas e incitavam o arremesso das mesmas. Como essas bombas entraram? Seria coincidência a confusão ter sido inciada próximo à sala de uma organizada?
Infelizmente, com a triste reação da torcida, uma pessoa perdeu a vida. Mais uma vez, estamos envolvidos em um episódio triste e que mancha de maneira indelével a linda história do Vasco. Existe sim responsabilidade da diretoria, que infla o torcedor com falsas esperanças, prometendo títulos e classificações incompatíveis com o investimento feito em reforços. Dessa forma, o torcedor mais ingenuo fica a deriva, sem entender os repetidos resultados ruins apresentados pela equipe. A confusão culmina em violência. Quantas vidas precisaremos perder para entendermos a necessidade de sermos transparentes com a torcida? Quantas bombas precisarão estourar para termos uma gestão competente? Quantas bombas precisarão entrar em São Januário para que o frequentador de estádio entenda que os prejudicados são o Vasco, a própria torcida e o futebol?
Vamos encarar uma dura pena. Ainda mais depois de episódios repetidos de violência envolvendo a nossa torcida (vocês lembram do Vasco x Atlético Paranaense, em 2015 que resultou na desistência de nosso patrocinador master de cumprir com o contrato?). Perderemos o 12o jogador. Aquilo que tem feito a diferença nesta campanha e por culpa exclusivamente nossa. É… pelo visto merecemos.
- O amigo Marcelo Ferreira lembrou de outro episódio de barbárie em São Januário. Foi uma briga de torcidas em um Vasco x Santos, em 1994. Fica o registro desse momento que também deixou sua triste marca em nossa história.
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