Faz uma semana que o assunto veio à tona: Nenê estaria de saída do Vasco. Mas o mais impressionante não foi esse assunto circular na mídia, que adora deturpar temas em função da sua necessidade de “cliques” e “curtidas”. O que chamou a atenção foi a forma como ele foi conduzido pelo próprio atleta.

Ícone do time no fim de 2015 e em boa parte de 2016, Nenê assumiu o estrelato de uma equipe até então sem alma e sem um líder técnico, mas não vinha repetindo, principalmente nesta temporada, as atuações que lhe elevaram a tal posto. Veio Milton Mendes e, com sua filosofia de entrega total do time, ter em campo mais de 1 medalhão que não tivesse condição física de exercer funções táticas, além da habilidade usual, seria um tiro no pé. A mudança de postura do time é visível em relação à velocidade e correria em campo, mas ainda carecia de mais empenho por parte de sua grande estrela.

A barração veio e, com ela, algumas rusgas que foram brevemente sanadas por gols (contra Fluminense e Atlético-GO) e algumas atuações razoáveis por parte do meia-atacante. Mas, a última gota d´água veio na substituição no fim do jogo contra o Santos, no domingo da semana passada. Após os 40 do segundo tempo, o técnico interino, Ednelson, sacou Nenê do jogo. Substituição contestável, até. Para alguns, um jogador com aquele grau de definição deveria ficar em campo até o fim e o time adversário com um jogador expulso traria menos problemas ofensivos do que já demonstrava até então.

Bem, como vimos, não foi assim que o técnico pensou e , dessa forma, expôs a característica mais contestável do homem Nenê. Um jogador que, por mais que tenha ascensão técnica sobre os demais, deve seguir as linhas de comando a que está subordinado. Não importa se não concorda com seus métodos ou com a forma de conduta de seu comandante, neste caso, o treinador da equipe. Agiu como um adolescente de 15 anos de idade que fica “com raivinha” quando a sua mamãe lhe proíbe de sair com os amiguinhos para a noitada. Saiu pisando forte e fez beicinho, cavando uma saída iminente do Clube que o projetou nacionalmente.É isso, sim! Nenê não tinha a projeção nacional que obteve, com méritos, mas defendendo exatamente a Cruz de Malta nos dois anos anteriores (chegou a ser cotado para a Seleção Brasileira, em certos momentos da “Era Dunga – 2”).

O meio-campista tentou cavar saídas honrosas para o exterior ou para outros clubes nacionais. Esbarrou na limitação de jogos que o impedia de buscar outro clube da Série A do Campeonato Brasileiro e. visto que é um jogador com 36 anos, não tem a mesma facilidade de se alocar na Europa, ou mesmo, nos mercados secundários. Talvez tivesse mercado no Oriente Médio, mas parece que o episódio do “beicinho” que protagonizou, vexatoriamente, nesta semana, não foi bem recebido . Por fim, somente clubes da Série B sondam o meia-atacante, mas, novamente, os altos salários que o Vasco lhe pagam (reconhecendo as atuações anteriores) impedem negociações com outros times que não seja o Internacional-RS (que também não demonstrou interesse).

Agora, um jogador que poderia ser útil para o elenco e para o Clube desperdiça as oportunidades que tem, para continuar a ser um líder, ao exigir titularidade absoluta. O Vasco desperdiça um grande talento (por mais que não seja sua culpa) que não quer jogar e não tem condições de ser negociado em boas trocas no mercado. O futebol brasileiro desperdiça mais um talento por achar que vale mais do que uma Instituição Centenária e Vencedora.

Casos se repetem ao longo dos anos e demonstram a falta de educação dos futebolistas que se acham acima dos demais. Mostram também a supervalorização que os jogadores de futebol tem na mídia. São tratados como ídolos incontestes e superestrelas, só esquecem que estão no contexto de um mundo cada vez mais medíocre na avaliação e exaltação de seus heróis.

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