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O título da coluna trata de uma frase muito famosa proferida pelo ex presidente vascaíno Cyro Aranha, o responsável direto pela montagem de um dos maiores times de nossa história, o expresso da vitória. Cyro, um visionário, sabia da importância das crianças para o crescimento e o perpetuar de nosso panteão.

Campeonato carioca de 1994. Lembro até hoje. Eu tinha dez anos de idade e me peguei pulando que nem um louco pela sala comemorando os dois gol de Jardel na decisão contra o Fluminense ouvindo pelo rádio. Eu era uma criança, e já começava a ter noção do que o futebol viria a se tornar pra mim. Ficava fascinado ao ver um quadro do Vasco campeão carioca de 1987 que meu pai tinha. Achava aquela camisa linda.

Poderia ter me tornado torcedor do São Paulo, pois acompanhei um título de Libertadores e uma Supercopa do tricolor paulista, na verdade tinha até uma simpatia à época, mas aqueles gols, aquela final, a morte do Dener e aquele êxtase pelo bicampeonato forjou o meu amor pelo Vasco. Naquele momento a cruz de malta foi marcada, como ferro em brasa no meu peito e nada mais me afastaria do clube.

Quando criança,  não tinha a menor ideia de que o Vasco tinha lutado contra o racismo, que o Vasco tinha sido o primeiro time de futebol brasileiro (contando a seleção) a conquistar um título fora do país. Não passava pela minha cabeça a belíssima história da construção de São Januário. O amor pelo Vasco era um amor puro, ingênuo. Naquele momento, ainda que o Vasco não tivesse história alguma, eu continuaria sendo vascaíno. Os laços se tornaram grandes demais para serem rompidos, pelo motivo que fosse.

A história do Vasco veio depois. O amor já existia e a história veio me encher de orgulho. Eu tinha, mesmo que sem querer, escolhido o lado certo. Aquele amor inexplicável passou a ter explicação. Amar o Vasco deixava de ser apenas um apego juvenil, mas passava a ter uma justificativa de consciência. Eu torcia para o panteão que defendeu o que acredito, que lutava por justiça, por correção. Naquele momento todas as peças se encaixavam e eu passava a entender o que não entendia antes. O amor tinha enfim um motivo justo.

Mas não parou por aí, minha infância e adolescência foi repleta. O Vasco era motivo de orgulho. Quem não era vascaíno sofria na minha mão. O Vasco era campeão de tudo. Campeão carioca em 93, 94 e 98, campeão brasileiro em 1997 e 2000, campeão da Libertadores em 1998, campeão do Rio-São Paulo em 1999, campeão da Mercosul em 2000. Eu converti diversos amigos meus em vascaínos. Aqui na minha rua ate´hoje a maioria é composta de vascaínos, rsrsrs.  As conquistas e o sucesso no campo falavam por si só. Dizia eu para calar qualquer contestação: “Olha, o meu clube lutou contra o racismo. Nós construímos o maior estádio da America Latina com recursos próprios. Qual a história do seu?” E, sem argumento, os adversários se calavam.

A luta pelas causas nobres servia para dar orgulho ao meu discurso, mas o que o referendava mesmo eram os títulos. A explosão de alegria, a bola na rede. A pulga atrás da orelha se tornava certeza e os amiguinhos passavam a torcer pelo Vasco. Ser vascaíno era a moda.

Todos queriam ser Vasco e quem não era, invejava quem era. Para mim o Vasco era imortal e jamais viveria uma situação de agrura.

Hoje o clube vive um momento totalmente diferente, fazer uma criança virar vascaína é uma missão quase que jesuítica. Elas são de vital importância para o nosso crescimento. O Vasco precisa delas. Esperamos que os homens que dirigem o clube não esqueçam da frase do Cyro Aranha e recoloquem o Vasco na posição em que ele nunca deveria ter saído, a de protagonista.

Como criança eterna que sou, eu só queria poder voltar a viver no tempo em que o meu Vasco era imortal.

Obs: A criança da imagem acima se chama Nicolly e tem só quatro aninhos e já torce para o Vascão! O papai está muito orgulhoso!

(+) Saudações Vascaínas (+)