“Ensaio sobre a cegueira” é uma obra literária de grande sucesso do vencedor do prêmio Nobel de literatura José Saramago, publicado em 1995 e posteriormente adaptado para o cinema pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles. A trama de suspense relata o drama vivido pela população de uma cidade atingida por uma terrível epidemia que deixa quase todas as pessoas cegas e expõe as mais sórdidas e vis idiossincrasias humanas.
Em tempos de Coronavírus, a Nação Vascaína padece de uma espécie de epidemia moral, que atinge a todos os que, de alguma forma, estão ligados ao Gigante da Colina: Presidente, Conselheiros, técnico, jogadores e até uma parte da torcida. A origem da “doença” é antiga e o principal agente causador, apesar de não estar mais entre nós, deixou o seu DNA nefasto nas entranhas de São Januário, espalhando pelo clube nas últimas duas décadas todos os seus devastadores efeitos.
Os principais sintomas são: febre de poder (que rapidamente faz arder as mentes daqueles dirigentes que parecem amar mais o seu status político do que o próprio Vasco); confusão mental (manifestada em membros da comissão técnica, na hora de escalar e preparar o time); fraqueza nas pernas (efeito que talvez possa justificar a completa incapacidade de alguns jogadores para acertar um único passe); e cansaço (que começa a tomar conta até mesmo dos mais resilientes torcedores cruz-maltinos).
A consequência mais grave tem sido a cegueira. Por anos, todos fecharam os olhos para a forma obtusa, anacrônica e ineficiente de como o Vasco vinha sendo administrado. Apostaram em falácias como “respeito voltou” e “campeonato à parte”, além de disputas medíocres por “lado” em estádio e por resultados “aceitáveis”.
Hoje o Vasco enfrenta o Fluminense. Balizados pelo “destino”, alguns torcedores demonstram confiança na vitória de um time que fez apenas OITO gols em 13 jogos na temporada, sem nenhum sinal de organização tática ou de bom futebol. Aliás, os próprios “crentes” estarão impedidos de manifestar seu apoio logo mais, ante a decisão da Federação de Futebol do Rio de Janeiro de fechar os portões do Maracanã, como medida preventiva contra a proliferação do COVID-19.
Eu sei, resta-nos torcer, acreditar. Mas não se pode olvidar de um diagnóstico inquestionável: o Vasco é um organismo doente, que precisa de cuidados emergenciais e drásticos. De outro modo, o vírus que há muito nos aflige, pode um dia ser letal.
/+/ Saudações Vascaínas /+/
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[…] Assim, a quarentena soa menos como um período de “retiro” e mais como o gongo tocado no instante em que o pugilista já estava nas cordas, pronto para ir à lona. O boxeador, no caso, não era só o Presidente do Vasco, mas a própria instituição centenária, ferida e grogue pela terrível sequência de GOLPES que vêm sofrendo nas últimas décadas, como já foi analisado aqui na coluna “Ensaio sobre a cegueira“. […]