A chegada do português Ricardo Sá Pinto foi encarada com surpresa e otimismo pela torcida vascaína. Surpresa por não esperar a contratação de um treinador estrangeiro, principalmente pela questão financeira do clube. O otimismo se deu por conta das declarações de ex-comandados do treinador, como praticamente ninguém o conhecia, esses depoimentos acabaram servindo como base.

O fator mais importante levantado por muitos era sobre a questão motivacional, uma característica crucial, vide que a apatia tomava conta do elenco. O método de trabalho aos poucos começou a ser implantado e com a novidade do esquema com três zagueiros, trouxe mais solidez defensiva à equipe. Porém, no setor ofensivo, as coisas não caminhavam bem. O time tinha muitas dificuldades em criar situações de gol, muito por conta do posicionamento extremamente defensivo do português.

A esperada evolução estava sendo cada vez mais adiada, a cada partida. De um 0x0 melancólico contra o “potente” Fortaleza, uma goleada acachapante contra o “temido” Ceará e uma eliminação vexatória, na Copa Sul-Americana, contra o “fortíssimo” Defensa y Justicia. Tudo isso dentro de São Januário.

A solidez defensiva acabou, a escassez ofensiva e a apatia da equipe permanecem. Time completamente desorganizado, escalações equivocadas, esquemas inoperantes, extrema demora nas alterações, mexidas sem sentido. O trabalho de Sá Pinto é um desastre completo. O treinador mostra que não conhece o elenco e, o principal, não conta com o apoio do grupo. O episódio vergonhoso do último domingo, quando decidiu manter Vinícius lesionado em campo a colocar Juninho, além de extremamente bizarro, deixa no ar uma possível antipatia do treinador com o jovem cria da base.

Depois de uma semana de trabalho, onde houve lavagem de roupa suja do elenco com o treinador, além da invasão de torcedores para protestar, o que se viu em campo deixa claro que Sá Pinto não sabe o que está fazendo. Fora os devaneios de que a equipe vem bem, mas não tem tido sorte. Mais uma vez escolheu o esquema errado e escalou errado. Olhando o que essa equipe mostra em campo, é simplesmente impossível vislumbrar uma melhoria significativa para que a equipe vença os compromissos necessários para permanecer na Série A. Em 13 jogos, Sá Pinto venceu apenas 2. Já tem um aproveitamento bem abaixo do que o de Ramon. A permanência do português já faz uma ala da torcida achar que Ramon foi injustiçado, o que eu sinceramente discordo.

Não há perspectiva de melhora com Sá Pinto no comando técnico do Vasco. Informações dão conta de que existe uma pressão interna para a demissão do treinador, porém José Luiz Moreira, VP de Futebol, é contra. A demissão de Sá Pinto seria um mal necessário, por tudo o que já foi citado. A impressão que fica é que estão adiando o inevitável. Sá Pinto provavelmente seria demitido em caso de derrota no clássico, mas foi salvo por Cano no fim do jogo. Se quiser continuar sendo salvo, vai precisar fazer o suficiente para salvar o Vasco da quarta queda.  O que, sinceramente, é algo que vejo cada dia mais próximo, enquanto o treinador português estiver comandando a equipe cruz-maltina.