eurico anjo

Antes que algum monoteísta radical fervoroso refute o texto antes de ler, eu o convido a ir até o final, mesmo parecendo uma heresia. Comparar um ser humano a um deus não é algo tão novo assim na história. No mundo antigo em algumas culturas, os monarcas eram vistos como a encarnação de deus na terra, uma divindade com a incumbência de governar com justiça, pois eles seriam  responsáveis por toda a vida social. No medievo, surge a ideia de representação divina, os reis passam a ser os representantes dos deuses na terra, são absolutos, daí a ideia de absolutismo monárquico, não cabe contestação ao déspota (rei). A origem dos reis era vista como divina e incontestável até por filósofos como Jean Bodin, Jacques Bossuet  dentre outros.

Com o surgimento da contemporaneidade, a ideia absolutista sofreu um duro golpe, pois essa nova sociedade influenciada por novas ideologias não aceitava mais a imposição monárquica.O mundo mudou e as concepções também. Mas será que isso se aplica?

Na contemporaneidade, mesmo em sociedades ditas democráticas, surgiram em vários países modelos de governos despóticos, em que imperou a opressão e a submissão da população perante a figura de um governante.

Eurico Miranda é, sem sombras de dúvidas, uma das figuras que representa o absolutismo monárquico na contemporaneidade futebolística.  Teve a oportunidade de assumir o reinado cruzmaltino (a presidência do clube em 2002-2008), porém foi um fracasso. Centralizador, arrogante, narcisista, e por vezes dissimulado, afastou, durante anos, investimentos burgueses (possíveis parceiros) do país (Vasco) por seu jeito de ser. Dizia pra quem quisesse ouvir que no país (Vasco) quem mandava era ele. Tratava a nação (clube) como um feudo real. Seu jeito de ser levou o país (clube) a decadência. Saiu em 2008 guilhotinado pela gleba (torcedores) deixando várias dívidas e os cofres do reino (Vasco) vazios para seu sucessor Roberto Dinamite, tendo uma parcela de contribuição significativa para a decadência econômica do país (primeiro rebaixamento do Vasco).

Durante o tempo que esteve fora do reino (clube), surgiu a resistência monárquica euriquista, um grupo radical composto por súditos (indivíduos) que sentiam saudades das práticas despóticas do rei (dirigente). Formaram aos poucos uma resistência (um programa de rádio e outras mídias) para disseminar o “euriquismo” e minar a tal da democracia moderna. Ficava a espreita torcendo pelos insucessos do país (do time no campo) para criticar de forma feroz o sucessor (a administração de Roberto Dinamite). Todavia, pensava-se que o déspota Eurico nunca mais voltaria, pois estava “morto”, a Revolução vascaína tinha o guilhotinado, o povo estava livre. Entretanto alguns anos se passaram e o país (Vasco) entrou num nova crise. A massa (sócios) foi convencida por alguns nobres (beneméritos) que somente com o rei (Eurico) de volta era possível voltarmos aos tempos de glória. O rei Eurico ressuscita de forma sobrenatural (é eleito) e volta a governar o país vascaíno.

Voltou ao país (Vasco) com o mantra religioso “o respeito voltou”.  O monarca (Eurico) chega ao poder como um messias esperado por seu povo para devolver os tempos de glória do passado. Os nobres (Beneméritos) diziam que o rei estava mudado e que com seu poder divino (“todo seu conhecimento de futebol e influência fora de campo”), levaria o país (clube) de volta ao topo. Pra quem pensava que ele tinha mudado, ledo engano. Mesmo discurso centralizador e despótico, se colocando como um deus, guilhotinou alguns da gleba por não concordarem com suas práticas autoritárias (expulsou torcedores do clube). Esse ano, em uma entrevista, quando perguntado sobre o planejamento para o país superar a crise (do clube para a temporada), disse que o planejamento era ele. Alguns nobres (pares) que apoiaram sua volta o abandonaram por continuar a dirigir o país (o clube) como no passado.

Sem o apoio de alguns nobres (beneméritos) e de boa parte dos súditos (torcedores) que não engolem mais seu discurso vazio e demagógico, colocou seus dois herdeiros em cargos importantes na corte (no Vasco) visando uma sucessão hereditária e uma possível sobrevivência política.

O “euriquismo” despótico é notório, seja em discussões, fóruns de debate, grupos de WhatsApp  e páginas do Facebook o que se vê são defensores ferrenhos do rei (mandatário) vascaíno. Até uma torcida organizada foi criada para ele em Salvador-BA.

A imagem pode conter: 9 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé

Esses grupos formam uma trincheira que colocam o rei (Dirigente) acima do país (do clube). Não se observa os defeitos e incompetência reais do deus encarnado. O país (clube) está sendo vilipendiado por um burguês (um empresário) com a permissão do Monarca (Eurico). Está na iminência quarta quebra econômica (rebaixamento) e o discurso é de bonança (Libertadores).

Seus séquitos apresentam números e feitos que não condizem com o atual momento da nação (Vasco). O “euriquismo” cega a população (alguns torcedores). O rei sol Luís XIV proferiu uma famosa frase no auge do absolutismo francês:  O Estado sou eu. O déspota Eurico diz em pleno século XXI: Quem manda no Vasco sou eu! E muitos súditos remunerados (alguns recebem para falar bem do rei) veneram seu deus acima de tudo e de todos, envenenando os pobres coitados que sofrem (torcedores) com notícias falsas e dados forjados (balanço de 2016), enquanto o país vive uma crise sem precedentes (resultados péssimos no campo). No mundo fantástico dos séquitos euriquistas, falar mal do deus Eurico é um sacrilégio e uma blasfêmia, para esses, o rei (Eurico) é maior do que a Nação (Vasco).

(+) Saudações Vascaínas (+)