Feliz Dia do “No estádio pode”

Incontáveis anos atrás me vi xingando em São Januário. Fortemente. Ferozmente. Com um sentimento de raiva que não era meu. Quando me dei por conta, meu pai estava ao meu lado. Vindo de uma educação bem rígida e que não permitia palavrões (como chinelos voavam naquela época), senti um frio congelante na espinha assim que me dei por conta do “erro” que cometi ao lado do meu pai.

Meus muito poucos anos até então me fizeram tremer dos pés à cabeça imaginando que iríamos embora naquele momento do estádio e que o castigo que viria em casa seria ainda pior. Meu sonho de ver o jogo na Colina iria por água baixo.

Eis que tudo aquilo que imaginei foi por água abaixo. Com um sorriso disfarçado por uma falsa mordida no chiclete, meu pai olhou pra mim, viu meu rosto horrorizado e proferiu a sentença de absolvição mais impactante da minha vida: “No estádio pode, filho!” e, com um gesto de amor ainda maior, completou: “só não conte isso para sua mãe!”.

Pronto! Tudo que faltava para completar aquele grande laço de amor e de personificação do herói foi completado. Ali, meu herói mostrou a grandeza de um nobre homem que também cometia os seus deslizes e que sabia perdoar alguns pequenos enganos.

Acredito eu que essa história já se repetiu inúmeras vezes, com praticamente todos que a lerão. Mas serve pra relembrar o carinho com aquele que nos ensinou inúmeras coisas na vida e, talvez, a que eu mais agradeça tenha sido exatamente me dar o senso de amor pela Cruz de Malta. Ensinar que o Vasco é gigante, é um pai para todos nós. Que nos ensina na derrota, no sofrimento, na dor, mas que também nos ensinou muito a ganhar e a ser forte. Vencer na garra, na marra, na força de vontade quando não somente as nossas valências seriam suficientes.

Hoje, no meio do caminho da vida, sendo filho e pai ao mesmo tempo, faço as vezes de pai que ensina, dia após dia, os princípios e bases de educação sem esquecer o amor que deve suportar todo o resto (principalmente o amor pelo Clube da Colina). Espero que aqui, todos que leiam também consigam essa proeza (já escrevi esse ano sobre a emoção de curtir um jogo em São Januário com o meu pequeno) e que possam curtir o dia com o seu grande amigo ao seu lado.

Àqueles que já não tem mais a figura aqui ao seu lado na Terra, saibam que de onde estiver, o sentimento nunca para. Laços de amor e carinho são eternos e as boas lembranças são a brasa que esquenta e conforta o coração dos que amam.

Peço desculpas a todos que esperavam um texto pelo jogo de hoje, mas todos que escreveram durante a semana já trataram muito, e bem, do assunto. Fiz questão de lembrar, no entanto que, além de tudo, somos homens e humanos, que amamos e somos amados, e que a nossa Cruz de Malta é o nosso coração fora do peito é o símbolo máximo de amor a um clube que sempre foi nosso pai e grande amigo.

 

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