O técnico do Vasco, Ramon Menezes, junto com vários membros da comissão técnica, sucumbiram aos maus resultados da equipe no Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil e foram dispensados, exatamente antes de um clássico contra o seu maior rival.

Junto com essas mudanças, vieram muitas especulações sobre os motivos que levaram a diretoria a tal decisão; e sobre quais seriam as opções viáveis para a recomposição do quadro técnico vascaíno.

A torcida do Vasco ficou dividida entre contestar e apoiar a decisão da diretoria, mesmo que com argumentos distintos. Entretanto, uma vertente que se mostrou preocupante, e que não foi pequena, infelizmente, foi a de condenar a decisão da diretoria pelo fato de o Vasco não ter um time para estar no topo da tabela, como estava no início do campeonato.

Essa linha de pensamento é, no mínimo, muito ingênua, mostrando uma análise muito simplista e confusa da situação.

O Vasco estar em décimo com a equipe que tem, comparada com a que os adversários possuem, não é nada demais. Está até lógico. Mas isso não pode ser uma desculpa para o que está acontecendo dentro e fora de campo. A equipe perdeu rendimento por erros do técnico, da preparação física e dos próprios jogadores. É um conjunto de fatores que estão além da competência técnica individual.

O Vasco de Luxemburgo, por exemplo, perdia, mas saia de campo com o dever cumprido e a torcida satisfeita, não com o resultado, mas com o espírito de competitividade, com a entrega. E os jogadores sofriam com problemas financeiros, com os quais, nesse ano, não sofrem.

Ramon escalou mal, planejou mal, protegeu amigos e está pagando o preço com sua demissão.

Entendo claro, que por trás dessas decisões da diretoria, também há o viés político, em que o Campello tenta colocar a culpa TODA no treinador para não perder terreno na eleição.

O fato é que temos um plantel limitado, mas poderíamos ter entregado muito mais do que entregamos, não fossem esses erros. A começar pela teimosia em manter um esquema 4-3-3 que não protege, não cria e que depende de uma bola sobrada para o Cano colocar para dentro.

Portanto, não é correto dizer que o “Ramon fez milagre e que não tem culpa pela queda de rendimento do time, porque o time é ruim”. Há de se distinguir “elenco” de “time”. É possível fazer, um elenco limitado, ter um time organizado. Por outro lado, equipes como a do Palmeiras, por exemplo, possuem um bom elenco em mãos, mas fazem um péssimo trabalho. Assim, bom elenco não garante bom time. Para se ter um bom time, que entrega o esperado, o clube depende de quem o comanda também.

A demissão do Ramon era inevitável. O início do trabalho dele foi bom, mas os resultados foram surpreendentes e ilusórios. O time vencia sem convencer. A filosofia de trabalho dele era interessante, principalmente do ponto de vista defensivo, mas faltou repertório de estratégias de jogo para cada adversário que tinha pela frente.

Os adversários evoluíram, aprenderam e a estratégia passou a não ser mais surpresa para ninguém.

Quanto ao elenco, obviamente tem sérias limitações, mas é claramente superior ao de 2019 e, mesmo precisando ainda de algumas contratações, pode render muito mais com um técnico mais experiente e versátil, que rode mais o elenco e arme o time de acordo com o adversário.

A hora é agora, pois o campeonato ainda nem chegou em sua metade e estamos em uma posição confortável na tabela.

A torcida, entretanto, precisa ficar atenta, pois, independentemente das decisões terem sido válidas e necessárias, elas também foram politizadas. As eleições estão aí e Campello dá suas últimas e desesperadas cartadas para se manter no “Poder”. Campello sabe que uma posição desconfortável na tabela em 7/11 será um tiro certeiro para a sua derrota.

Assim como Ramon e alguns membros da comissão técnica já caíram, a queda do mandatário do clube parece ser questão de tempo, fazendo-o provar de seu próprio veneno.

Saudações Vascaínas