Por Rapha Conceição

Um dos principais problemas atuais do Vasco é seu torcedor enxergar o clube pela sua bolha clubística, alheio a como QUALQUER outro time nos enxerga. Fizer isso, CONSTATARÁ que hoje o VASCO NÃO É UM “TIME GRANDE”. E o caminho para voltar a sê-lo passa NECESSARIAMENTE por ASSUMIR isso.

De 2001 para cá (não por acaso, quando Eurico Miranda assume a presidência), dentre os considerados clubes grandes, apenas o Fluminense é inferior ao Vasco na comparação de vitórias no confronto direto. Da lista, ele é o único que, nesse período, não frequentou a Série B nacional.

Do falecido “Clube dos 13”, à exceção de Botafogo e Fluminense (o Cruzeiro não foi considerado por estar na Série B esse ano), o Vasco é inferior a TODOS os demais no confronto Vitórias x Derrotas. Isso significa DEZENOVE anos de FEROZ DESTRUIÇÃO da imagem vencedora do Clube.

Quanto mais você amplia o zoom, mais cruel se torna a análise. Contemplando o conceito de “Não-vitórias” – empata-se ou perde-se o confronto contra o outro clube -, o retrospecto do Vasco só faz DIMINUIR seu peso. Superamos apenas Atlético-GO e Ceará e empatamos com Sport.

Nesse conceito de Vitória x Não-vitória, o Vasco é superado por TODOS os grandes e AINDA por times com história muito menor do que a nossa, como Athletico-PR, Bragantino, Coritiba, Fortaleza e Goiás. Duas décadas sendo enxergado por QUALQUER CLUBE como ABSOLUTAMENTE VENCÍVEL.

Nesse tempo, ganhamos 1 Copa do Brasil, 3 estaduais e alguns turnos. Nada capaz de enfrentar 3 REBAIXAMENTOS e alguns vices (de campeonatos ou turnos) para rivais locais. Desculpem-me a sinceridade cortante, mas NENHUM clube no mundo passa impunemente por isso. Nem o Vasco! A favor do Cruz-Maltino, o fato de ter uma das raras torcidas de cunho nacional. Que desesperada agarrou-se ao passado para fugir de o perverso presente que se impõe, de nos ver como “clube de meio pra baixo da tabela”. Mas, com tristeza, afirmo: é o que SOMOS. Dá para voltarmos? Eu, sem querer ser dono da verdade nessa resposta, sinceramente não sei. Apenas creio que há, sim, potencial para isso, que mingua pouco a pouco, pois o tempo corre contra o Vasco, mas que somente pode se concretizar por aqueles que topem encarar a verdade. O torcedor do Vasco, diante de times tão ruins que construíram esses resultados que apresentei, inconscientemente passou a ver o futebol como algo MENOR. Parece contraditório, né? Mas o vascaíno, descrente do esporte, começou a celebrar número de sócios, grito de torcida +10/ +número de contas bancárias, redes sociais, jogadores folclóricos, “vaquinhas” para projetos que deveriam ser pagos pelo clube.

E, sempre que possível, exaltando seu passado gigante, sem perceber que, ao fazê-lo, reforçava a comparação com o Vasco de agora, diminuindo-o. Vejo o Vasco como pessoa madura, famosa, boêmia, elegante, conquistadora, venerada, que esbanjou a vida. Não viu o tempo passar. Hoje crê-se como antes, sem notar que é piada quando sai à rua com roupa démodé mantendo a arrogância, enquanto vive a mercê da esmola alheia. O Vasco não precisa de “O sentimento não para”, “Contra tudo e contra todos”, “O respeito voltou” e tantas outras frases feitas que, à guisa de engajar, mais turvam a visão míope do torcedor. O Cruz-Maltino não precisa de piadinhas, músicas, influencers, views, likes etc. O Vasco precisa é da VERDADE. De uma torcida crítica que entenda o papel de cada componente num clube de futebol: Direção, comissão técnica, atletas, staff. E que sobretudo saiba COBRAR por isso. De forma dura, implacável, obstinada, dia após dia, sem cessar. Esse é o ÚNICO caminho para o Vasco voltar a ser o que é: um time de FUTEBOL que entra em campo e gera pavor nos adversários que veem aquela Cruz de Malta pulsar. Porque se não for pra ser isso, por mim nem precisa ser nada.

Vivo bem só com as lembranças.

/+/ Saudações Vascaínas /+/

Rapha Conceição, nosso colunista convidado, é jornalista, RP, publicitário e pai de 5.

Twitter: @raphasconceicao