Eleições 2017 - Fernando Horta

Horta – Entrevistado pelo saudações Vascaínas

No dia 16/10 o Saudações Vascaínas esteve com o candidato a presidência Fernando Horta ( Eleições 2017 ). Nessa ocasião, pudemos aprofundar as questões sobre o Vasco e o pleito que vem no dia 07/11. Com essa entrevista, iniciamos o projeto para entrevistarmos TODOS os candidatos. Vale ressaltar que, o Saudações Vascaínas não tem preferência por qualquer candidato e zela pela imparcialidade. Nas próximas semanas, os demais candidatos terão a oportunidade de mostrar um pouco de seus projetos, aqui.

Abaixo as perguntas e respostas da entrevista gravada, ao vivo, no dia 16/10 e, ao final, um vídeo gravado ao vivo pelo candidato, enviando o seu recado final para os leitores do Saudações Vascaínas.

Ouça o Áudio completo em Horta abre o jogo para o Saudações Vascaínas

“SV: Dentro desse último período da gestão Eurico, quando você estava junto com ele na primeira vice-presidência, você nos explicou que desde meados de 2015 estava rompido com o Eurico. Houve algum fato que ocasionou esse rompimento?

Fernando Horta: Aquilo foi tudo uma consequência dele. O que acontece é que eu era um provável candidato na última eleição, mas ao mesmo tempo, precisava definir algumas metas em minha vida particular. Eu achava que o Vasco realmente vinha de uma administração não muito legal e que o clube precisava de alguém que pudesse se dedicar 24 horas por dia e, naquele momento, eu não podia me dedicar dessa maneira. Ao mesmo tempo, eu achava que com o Eurico seria mais fácil pois era um cara que conhecia o Vasco melhor do que eu. Então ele procurou uma série de amigos meus e fez o pedido para que eu abrisse essa candidatura para ele.

 

SV: Existia esse acordo de alternância na presidência, que era passado para a gente pela mídia?

FH: Havia. Havia tratos sérios que ele tinha feito, não por escrito, mas por palavra e eu aceitei com essa ideia e topei não ser candidato. Aí ele fez as contas dele lá e viu que não seria o bastante e que ele perderia as eleições. Então ele fez uma segunda investida em cima de mim, usou mais uma vez meus amigos, usou o próprio Zé Luiz, apenas não citarei mais nomes para não deixar essas pessoas expostas. Falo do Zé Luiz pois ele está junto com a gente. Aí, aceitei ser vice-presidente geral dele, mas com algumas condições, como a gente fazer uma administração compartilhada. Obviamente que o presidente não precisaria de uma autorização para comprar um computador ou mesmo uma caixa d’água, mas o negócio mais forte era que eu deveria estar presente nas decisões.

Além disso, ele dizia que estava doente e queria mudar a imagem dele, por causa dos netos, por causa dos filhos e que ele queria ser presidente apenas por um ano e meios por que ele achava que iria morrer. Para ele, bastava um ano e meio. Falei que não, que ele teria que tratar da saúde e que deveria ficar durante os três anos de mandato. Então ele ficaria durante o primeiro mandato e na próxima eleição eu seria o candidato da situação. Estou contando a pura verdade, sem rodeios. Então comecei a ficar ausente, pois não adianta ir para lá apenas para fumar charutos com ele. Ele não abria nada, escondia. Ficava falando ao ouvido do vice-presidente dele que é remunerado, chama num canto e fica falando no ouvido. O cara vem e fica cochichando no ouvido dele. Eu não vou ficar num ambiente desses. Portanto esse era o compromisso político. Ele ficaria 3 anos e eu os próximos 3, para tentar sanear o Vasco e deixar o clube pronta para quem pudesse vir.

Aí chegou em dezembro, no final do ano, e o Eurico anunciou a candidatura dele. Eu já não vinha muito satisfeito então perguntei a ele: “Você não tinha um compromisso comigo? Como é que você anuncia a sua candidatura?” Ele então disse que “Não… é só para calar a boca desse pessoal, pois vem um montão de chapas aí e queremos vir forte para topar com essas chapas aí…” Ou seja ele quis dizer para mim que ele topou aquilo só por conta da situação. Então ele falou que em agosto tornaríamos a conversar. Então chegou ao meio de agosto e nada. Pensei então que do jeito que estava, o negócio do Eurico era dar continuidade aos filhos e não era uma onda que eu queria segurar. Outro acordo que tínhamos é que os filhos não entrariam na gestão e, tão logo ele assumiu, colocou os filhos no futebol. Deu um jeito de minar o Zé Luiz de um lado e o Paulo Angioni do outro.

Então pensei, dado que tenho essa vontade e estou em condições de ser presidente do Vasco, é melhor eu me desvincular desse cara totalmente, pois aí não terei compromisso nenhum. Então, não é vaidade que eu queira participar da eleição sem o Eurico.

Eu não estou entrando neste negócio por vaidade. Eu não sou um cara prepotente. No entanto, dentro do grupo que se propôs a concorrer à presidência do Vasco, eu sou o mais preparado para ser o presidente. Tirando eu, dos outros 4 candidatos que existiam, não contando com o candidato da situação, quem era capaz de ser presidente do Vasco era o Otto. Conhece muito daquilo. Tanto é que não tivemos a mínima resistência em nos juntarmos. Por que sei o que é bom para o Vasco

 

SV: Estávamos conversando com o Otto e falamos sobre a impossibilidade do Vasco seguir funcionando com mais três anos de gestão Eurico…

FH: O Otto, nesta parte, está enganado, elevai sustentar sim. Ele vai fazer do Vasco uma padaria. Não é falando mal das padarias não… (risos)

SV: Esse era outro ponto que queríamos entrar… (risos)

FH: Então, dado que sou dono de vidraçaria, falemos em vidraçaria… risos. Ele sustentará como uma vidraçaria, apequenando o Vasco.

SV: Exatamente. Não sustentaria na grandeza… 

FH: Se fosse uma empresa minha, já tinha pedido a falência. Só que sabemos que é muito difícil de pedir a falência de uma escola de Samba ou um clube. Aqui nunca vão pedir (referindo-se a escola de samba Unidos da Tijuca, aonde se deu a reunião). Pois a Unidos da Tijuca, você pode pegar qualquer servidão, que é uma escola que tem 80 e tantos anos e não tem uma ação no ministério do trabalho e não tem nenhum débito no mercado.
Então ele vai diminuindo cada vez mais até transformar o clube em uma empresa familiar e apequenar o Vasco. Por isso, discordo do Otto neste ponto.
Aliás, ele só não coloca o filho como vice-presidente por estar enfraquecido neste pleito. Se ele ganhar as eleições e sentir que está forte, conheço ele, ele vai lá para a Lagoa e tentará eleger o filho como presidente geral.

SV: Falando em português da padaria…

FH: Esse rapaz não sabe de nada. Ele é horroroso. Ele nem padaria tem, nem crédito em padaria. O Vasco é o clube mais popular do Brasil, não é o Flamengo, mas o Vasco. Nós fomos fundados pela colônia portuguesa, pelo cara dono de padaria, dono de açougue, dono de casa de cereais, dono de armazém… Essa é nossa fundação e nossa história… como um infeliz desse me vem soltar uma dessas. Ele não tem conhecimento nenhum do Vasco… Cerca de noventa porcento dos portugueses da colônia e descendentes ainda são desse ramo.

 

SV: O senhor mencionou os expoentes da colônia portuguesa que, durante muito tempo, foram a base eleitoral do Eurico meio que herdado do Calçada… Enfim, gostaríamos de saber quais deles estão com o senhor e quais os seus nomes…

FH: Tenho, mas não vou botar nomes. Senão o Eurico passa a ameaçar eles. Ele ameaça as pessoas. As pessoas são muito simples e por isso, tem medo.
Vamos falar em português claro agora. Português tem que votar em português e eu sou o único português entre os candidatos. Foi com portugueses que tivemos as melhores gestões do Vasco.
Até por que falo a mesma língua deles, as casas portuguesas vão ter oportunidade junto ao Vasco.

 

SV: Neste ano, São Januário completa 90 anos, em 2018 estamos fazendo 20 anos do título da Libertadores, que é nosso maior marco no futebol. Além disso, completaremos 70 anos do expresso da vitória. A repercussão do Vasco não jogar em São Januário agora, até a eleição, sabemos que este é um fato apenas político. Apesar do Maracanã ser, também, uma casa vascaína, é um fato político, mas por qual motivo perdemos essa chance? Tivemos uma missa campal em São Januário praticamente não divulgada. Nós não tivemos um fato comemorando São Januário. Foi lançada uma terceira camisa pobre para falar sobre isso. Se fosse uma administração Fernando Horta, como seria?

FH: Isso acontece pelo seguinte, caros. Existem dois motivos pelos quais ele não quer jogo em :
O primeiro, você estava falando da missa, divulgação, camisa e tal. As casas portuguesas sequer foram comunicadas sobre esta missa. O marketing do Vasco não existe. É fraco. Pra você ver que nós fizemos um plano de sócio torcedor que tem menos adeptos do que o Brasil de Pelotas-RS, não desfazendo do clube citado, mas percebe-se que há algo de errado.
O Eurico tirou o jogo de São Januário por motivo político, pois ele (Eurico) acha que daria oportunidade da oposição de fazer campanha lá. Tanto é que um Senhor português, que estava utilizando uma camisa de minha campanha tentou entrar pelo portão 18, pois tinha ingressos para o setor do Maracanã Mais, tinha alguém lá que não queria deixa-lo entrar, aí teve que vir alguém para autorizar.

O segundo motivo, que é o mais triste se refere à torcida, haja vista que há uma cisão dentro da Força Jovem. Em minha opinião, não tem cabimento tirar jogos de São Januário. O Vasco vai ter que gastar muito para cobrir as despesas do Maracanã. Tudo isso para evitar campanha da oposição dentro de São Januário.

Eu não faço campanha em São Januário, minha campanha é feita com o sócio ir à casa de um, na casa de outro. No jogo contra o Botafogo, tinha um pessoal meu trabalhando, algumas mulheres distribuindo meu material, pois acredito que as pessoas são mais receptivos com as mulheres.

 

SV: Entrar em São Januário hoje é um risco para quem não apoia o atual presidente?

FH: É um risco muito grande, todo mundo tem medo porque ele persegue as pessoas. Ele é igual ao Hitler. Ele andou caçando alguns sócios e os mesmos entraram na justiça, e lá ganham indenizações e quem paga isso é o Vasco e não ele. Em minha opinião, o atual Presidente da Assembleia Geral estaria no cargo, haja vista que ele ganhou uma ação contra o Vasco na Justiça. E lá está cheio deles. O próprio Campelo ganhou uma ação de R$ 400, 000,00 reais na justiça contra o Vasco. Eu não concordo com alguém se candidatar a presidente de um clube tendo ganhado uma ação contra ele. Isso pode dar uma brecha para um funcionário também entrar com uma ação seguindo a lógica que seu superior entrou, por que eu também não posso?

 

SV: Sobre a união da oposição? O Senhor acha possível?

FH: Sabe o que mais funciona numa escola de samba? Harmonia! Se tivesse tentativas, estamos abertos, nós não podemos dividir o Vasco, nós compartilhamos a administração. Com o melhor atuando em sua área. Mas o jogo de vaidade é muito grande. Alguns estão perdendo a oportunidade de conhecer melhor o Vasco para num futuro bem próximo terem a oportunidade de serem candidatos.

 

SV: O Vasco dispões de um grande patrimônio fora de São Januário (Sede do Calabouço e Sede da Lagoa), mas são pouco utilizados pelo sócio. O que o Senhor pensa sobre isso?

FH: Sem dúvidas, o clube precisa da área social. Eu quero que o sócio tenha acesso a isso. Nós temos planos para as outras sedes. Eu estive à frente do Calabouço e mesmo com poucos recursos consegui fazer algumas melhorias lá. Eu cheguei a fechar uma parceria com a delegação da Dinamarca com um grupo de 15 pessoas à época das Olimpíadas para ficarem por 15 dias lá. Conseguimos R$ 240,000,00 reais. Minha ideia era pegar esse dinheiro e ampliar o salão, porém quando fui pegar uma parte desse dinheiro para essa reforma, fui informado que o dinheiro já tinha acabado. Agora eu não sei com é que está, mas quando eu administrei digo a vocês, o Calabouço deixou de dar prejuízo para igualar as despesas. Minha ideia é transformar o calabouço num grande restaurante panorâmico. A sede da Lagoa dá para ampliar. Tem que ser colocado um ou dois elevadores panorâmicos, pois temos que olhar o lado social, pois ajudará na arrecadação e fará delas sedes sustentáveis. Não trazendo despesas para fora do clube.

 

SV: O Vasco tem muitos torcedores fora do Rio de Janeiro, aliás, a maioria da torcida vascaína é de fora do Rio de Janeiro, porém os sócios de outros Estados não têm tantos atrativos. O que você faria para abraçar esse torcedor apaixonado pelo Vasco que está longe?

FH: Assim que eu entrei no Vasco eu dei uma ideia de criar em todos os Estados à casa do Vasco, criando um estatuto único dando autonomia. Nós daremos total apoio. Será o nosso consulado em cada canto do Brasil. Eu tentei fazer isso quando cheguei, mas… Olha o para o presidente do Vasco quanto menos tiver, melhor, entende? Ele não quer sócios, pois sócio é o que dirige. Ele quer ter o controle nas mãos dele. Esse tal de mensalão, ele te uns 1.200 lá. Ele faz uns cálculos lá que votam uns 4 mil. Ele é um matemático nisso. Faz uma média de quantos votantes comparecem nas eleições. Esperamos que a Justiça resolva o quanto antes. A motivação nessa eleição está no sócio que quer mudança. Os sócios podem ir votar tranquilo no dia 7.

 

SV: O nosso maior patrocínio hoje é da Caixa Econômica Federal, mas para receber esse dinheiro, o clube precisa dispor das certidões negativas de débito. O Senhor tem alguma proposta relacionada a outro patrocinador?

FH: A gente vai tentar, mas lógico que existe conversas. Mas digo com toda a sinceridade, com o valor que a Caixa paga ao Vasco, eu prefiro ficar sem patrocínio. Eu prefiro buscar esse recurso no pinga-pinga, pois não aceitaria o Vasco receber menos que alguns clubes como o Botafogo, por exemplo. Nada contra o Botafogo. A contrapartida é quase igual. Eu tive acesso a algumas cláusulas contratuais, com as contrapartidas dadas, bate quase igual ao valor que você recebe.

 

SV: A terceira camisa lançada, ficou muito aquém do que a torcida esperava, existe algum planejamento para a criação de uma terceira camisa? Você pretende continuar com a atual fornecedora de material esportivo ou tem conversas com outra?

FH: Acho que primeiro temos que respeitar o contrato. Eu sou um cara que respeita contratos. Primeiro temos que ver o contrato que lá existe. Logicamente que a camisa oficial terá que passar pelo crivo da diretoria, respeitando o que reza o estatuto. Espero que não renovem o contrato ao “apagar das luzes”. Mas não vamos cair no erro em cancelar contratos em vigor. O presidente quando assume o clube, assume o passivo e o ativo. Quando assumir não vou ficar naquela história de herança maldita, isso não vou usar. Logicamente faremos uma auditoria para saber a real situação do clube.
Eu tenho uma ideia a respeito de camisa para o Vasco ganhar muito dinheiro com as vendas.

 

SV: O que o Senhor pensa do trabalho recente do treinador Zé Ricardo? Pensa em mantê-lo como treinador para a próxima temporada?

FH: Acho que é muito cedo. Mas vou tentar manter uma estabilidade dentro do clube. Logicamente que todos que estão lá serão avaliados por mim e por uma comissão que colocarei lá. A minha ideia é priorizar o futebol. O torcedor lá de outro Estado não quer saber se o clube tem piscina, ele quer ver o clube vencedor. Para manter a paixão é fazer time de futebol vencedor.

 

SV: A mesma organização que se vê na Unidos da Tijuca é algo que o Senhor pensa em levar para o Vasco? É uma obrigação?

FH: É uma obrigação. Pois nosso clube foi fundado nessa base”


 

A seguir, Fernando Horta envia seu recado final aos leitores do Saudações Vascaínas !!!

 

Até a próxima entrevista !!!!

Saudações Vascaínas