Jaguaré Bezerra de Vasconcelos, o Jaguaré, um grande goleiro do Vasco da Gama nas décadas de 1920 e 1930, nasceu no Rio de Janeiro em 14 de julho de 1900 e faleceu na cidade paulista de Santo Anastácio em 27 de outubro de 1940. Foi campeão carioca pelo Vasco em 1929 e também defendeu Barcelona e  Oympique de Marselha, da França, equipe pela qual conquistou o título francês de 37 e a Copa da França de 38, e São Cristóvão. Defendeu a Seleção Brasileira em três jogos segundo o livro “Seleção Brasileira 90 anos”, de Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf. Viu seu time vencer as três, embora tenha sofrido três gols. O ex-goleiro, antes de entrar para o mundo do futebol, era estivador no cais do porto do Rio de Janeiro, porém já batia sua bola em campos de várzea até ser descoberto pelo zagueiro Espanhol. Foi tão bem no primeiro treino no Vasco que não demorou a ser incorporado ao elenco.

Estreou em 1928 e permaneceu em São Januário até 1931, conquistando alguns títulos pelo Gigante da Colina. Em 1931, por sinal, destacou se a tal ponto durante excursão do clube carioca pela Europa que foi contratado pelo Barcelona junto com Fausto. Da Espanha, seguiu para o Olympique.  Jaguaré ao mesmo tempo que era um goleiro excelente, era por vezes folclórico e esquentado. A alcunha que utilizam ao se referir a um goleiro como maluco pelo senso comum lhe caía muito bem.

Segundo relatos, em um jogo pelo Vasco contra o América, Jaguaré quase mata o atacante Alfredinho de raiva. Primeiro, defendeu um chute do atacante americano somente com uma das mãos. Depois atirou a bola na cabeça do atacante para fazer nova defesa. Com tantas “molecagens”, nada mais natural que os estádios enchessem com torcedores atraídos pela fama de Jaguaré.

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No livro de Mário Filho “O Negro no Futebol Brasileiro”, muitos são os casos contados pelo grande jornalista, como se segue:
“O Vasco da Gama foi o campeão carioca de 1929. Como prêmio, o time realizou uma temporada em Portugal. Jaguaré ficou encantado com o profissionalismo. Terminou ficando pela Europa, junto com Fausto dos Santos, o Maraviha Negra, jogando no Barcelona, para depois se transferir para o futebol francês. De vez em quando, aparecia no Brasil e era um sucesso. Um dia, anunciou que iria treinar no Vasco. São Januário encheu. Jaguaré apareceu de terno branco e chapéu chile pendido de lado. Trocou de roupa e ficou igualzinho a um goleiro europeu, de boné e luvas. Foi o primeiro goleiro brasileiro a usar luvas”.

Na Europa, as “brincadeiras” e “maluquices” que Jaguaré fazia no Brasil não eram aceitas. Num jogo pela Copa da França, contra o Racing, fez uma defesa de bicicleta. Não foi mandado embora porque o Olimpique venceu. Na Inglaterra, depois de uma defesa, atirou a bola na cabeça do adversário. O juiz parou o jogo, chamou o capitão do Olimpique para adverti-lo que não iria admitir outra jogada como aquela, e puniu o time francês com um tiro livre indireto.

Um dia, Jaguaré voltou ao Brasil para ficar. Voltou com medo da guerra. Chegou sem um tostão. O dinheiro que ganhou, e não foi pouco, gastou tudo pelas esquinas da vida. Voltou a ser estivador e, quando falava do seu passado, todos riam e não acreditavam nele. Depois, desapareceu. Sabe-se que foi para a cidade de Santo Anastácio no Oeste paulista. Em 1940, Jaguaré voltou a ser notícia dos jornais. Em um canto de página policial, estava registrado que o antigo goleiro do Vasco Jaguaré, tinha se envolvido em uma briga com policiais, que o espancaram até a morte. Jaguaré foi enterrado com indigente. Porém ficou guardado na memória dos vascaínos, sendo seus feitos contados de pai pra filho. Jaguaré é um ídolo que jamais pode ser esquecido.

(+) Saudações Vascaínas (+)