A semana que antecedeu a partida entre Grêmio x Vasco da Gama já demonstrava que o resultado poderia não ser dos melhores. A grande diferença técnica entre as equipes, as posições antagônicas na tabela e os desfalques na zaga vascaína, geravam previsões pessimistas para o confronto. Afinal, o Vasco ainda não vencera ninguém fora do Rio de Janeiro e pior, não apresentara futebol e postura capazes de alcançar qualquer triunfo, fosse contra times mais fracos, fosse contra times mais capacitados tecnicamente e mais bem preparados taticamente.
Muitos irão falar que não, talvez pelo amor ao clube e falso otimismo que esse amor provoca. Embora o futebol nem sempre seja coerente, previsível, o sentimento que mais tomava o torcedor era o de medo.
Com o inicio da partida, esse sentimento de medo foi sendo substituído pela esperança. O Vasco, mesmo com uma zaga reserva, entrou em campo com uma formação que normalmente não acontece em jogos fora de casa. A ausência de um terceiro volante e , mais ainda, a opção do técnico Valentim pela entrada do bom meia Thiago Galhardo no lugar do contestado Fabrício, permitiu à equipe, uma postura muito mais homogênea dentro de campo e finalmente fez com que, fora de nossos domínios, pudéssemos enfrentar um adversário de forma mais decente.
Se o Vasco não era um primor em campo, ao menos conseguia disputar a partida, levando algum perigo ao Grêmio, que entendeu a proposta do Vasco e o respeitou. Individualmente, a equipe ainda se mostrava fraca e, desde o início, ficou claro que teríamos muita dificuldade pelo lado esquerdo, onde o lateral Ramon levava um banho do quarentão Leonardo Moura. Os espaços eram grandes por aquele lado, mais ainda prejudicado pela ausência de Castán na cobertura.
Entretanto, nessa partida, criávamos. Chegávamos ao gol adversário e fazíamos uma partida compatível com o que se espera desse elenco. Tanto que, após algumas boas tentativas, Thiago Galhardo, melhor jogador vascaíno em campo, premiou-se com um belo gol, em jogada iniciada com grande arrancada sua e tabela sensacional com Maxi Lopez que, de calcanhar, o deixou na cara do gol para, com toque inteligente, deslocar Paulo Vitor.
A esperança se materializava com a abertura no placar. O Vasco não mudara sua postura após o gol, mas fez o Grêmio acordar para o jogo. Tanto que conseguiu, logo em seguida, o empate, após mais uma falha geral da defesa, que não conseguiu “parar” Leonardo Moura pela esquerda e nem bloquear o cruzamento preciso para Jael, quase sem marcação, tocar de cabeça para o gol, com Martin Silva já vendido.
A partir do empate, o que se viu foi um Vasco tentando se defender e sair nos contra-ataques, que ainda eram possíveis pela lentidão da defesa gremista. Até o final do primeiro tempo o quadro não se modificou e tanto Vasco quanto Grêmio tentaram, sem sucesso, uma vantagem no placar.
O segundo tempo veio com o Grêmio corrigindo seus erros e o Vasco sem mudanças que permitissem um confronto igual. O tricolor gaúcho passou a dominar as ações da partida e, mesmo com a posterior entrada de Rildo no ataque, o Vasco não conseguia criar nada. Passou-se a se ver um ataque contra defesa, mesmo que de forma tímida, como se o Grêmio já previsse que a qualquer momento o desempate viria. Mesmo assim não faltou luta ao Vasco, mas faltou preparo físico, força para armar jogadas e competência para acertar passes no meio.
Valentim então substituiu Thiago Galhardo, visivelmente esgotado, por Raul, recuando a equipe e aceitando a pressão adversária, que procurava trocar passes com rapidez na intermediária vascaína, objetivando uma brecha para uma penetração ou um chute.
O Vasco, bem fechado, suportava bem a pressão. Entretanto, o que ocorreria no final da partida, nem o mais otimista torcedor gremista poderia imaginar. Aos 49 minutos do segundo tempo, após chute despretensioso de Matheus Henrique, o arqueiro Vascaíno, amado e odiado por diferentes lados da imensa torcida vascaína, em momento de extrema infelicidade, falhou infantilmente, aceitando da forma mais bizarra possível, o segundo gol do grêmio.
Foi o chamado FRANGO ! Logo do goleiro Martin Silva, que muitas vezes salvou a equipe cruzmaltina. Daquele que se tornou ídolo não por ser um craque dentro de campo, mas pela empatia e entrega que sempre teve. Por estar lá, lutando e representando a imensa torcida vascaína, principalmente nas dificuldades, que são muitas.
Martin Silva realmente vem falhando, talvez esteja na hora de rever sua condição de titular. É uma situação natural e deve ser decidida pelo técnico. Entretanto, o Martin merece o respeito da torcida, que deve apoiá-lo, pois está longe de ser o principal problema que o Vasco possui e está mais longe ainda de ser o responsável pela situação em que o Vasco se meteu.
Com certeza esse revés fez com que a derrota viesse com um sabor muito amargo para o torcedor vascaíno que, do MEDO inicial, passando pela ESPERANÇA, acabou em FRUSTRAÇÃO.
Mas quarta-feira outra história será contada. Será dia de esquecermos as dificuldades, as cobranças e os fracassos. Não será dia de vaia ou de reclamação. Será o dia de levantarmos o time nas mãos e o conduzirmos. Será o dia em que apenas um resultado importa. A VITÓRIA.
Saudações Vascaínas
Deixe uma resposta