Todo cruz-maltino que conhece ao menos um pouquinho da História do seu clube do coração, sabe que os quase 124 anos do Gigante da Colina são construídos não apenas com as glórias eternizadas pelas inúmeras taças que adornam a Sala de Troféus de São Januário, mas pelo vanguardismo do Vasco na luta contra preconceitos que mancharam o esporte nacional ao longo de mais de um século, como o elitismo social e o racismo. Este “DNA” desbravador é motivo de orgulho pra todos nós.

Orgulho. Justamente esta palavra gerou, desde ontem, tantos debates nas redes sociais dos torcedores do Vasco, em razão da apresentação da camisa que o time usaria neste domingo, na partida contra o Brusque: a tradicional faixa transversal, em vez da cor preta, apresenta um efeito degradê com as cores do arco-íris, símbolo do Orgulho LGBTQIA+. Muitos acharam a camisa simbólica de mais uma “bandeira” erguida pelo clube; outros tantos discordaram, por motivos distintos.

Em termos de uniformes de futebol, sou muito tradicionalista: raramente curto camisas que fogem às cores ou aos símbolos oficiais do Vasco. Mas isso sou EU. O Vasco não sou eu, apenas. O Vasco é a sua imensa torcida, formada por brasileiros ou não, oriundos das mais diversas regiões, etnias, religiões, idades, gêneros e orientações sexuais conhecidas. E o Vasco honra sua História sempre que a dignifica com movimentos, gestos ou manifestações em favor de minorias discriminadas, porque o próprio Vasco foi – e, em alguns aspectos, até hoje é – hostilizado por torcedores de outros clubes: “time de português”, “time da Zona Norte”, e por aí vai. Uma das músicas de torcida mais bonita fala da nossa luta contra o preconceito: “Eu já lutei por negros e operários”.

Portanto, independentemente das opiniões que seus torcedores, dirigentes e jogadores tenham sobre posicionamentos sociais ou políticos, o Vasco não pode ignorar sua memória, pois a instituição é maior do que todos nós. Se alguma “bandeira” não representar alguns vascaínos, paciência. Mas, ao demonstrar, mais uma vez, seu combate ao preconceito na sociedade brasileira, aí, sim, o Vasco reafirma que o orgulho está na essência de todos nós.

Saudações Vascaínas