Eurico Miranda falece há poucas horas no Rio e grande parte da história do Vasco perde um personagem importante. Amado por muitos, odiados por tantos outros, Eurico Miranda com certeza não veio a passeio para a Terra e escreveu sua história do futebol brasileiro.
Absolutamente certo que foi o maior dirigente do futebol brasileiro na década de 90, Eurico colecionou “causos”, desavenças, brigas, frases lendárias, títulos, mas também muitas dívidas para o Clube a que tanto se apegou.
O Vasco foi o seu maior tema, o seu grande norte, a sua vida fora de casa e da sua família. Homem de pulso forte e bravatas por todos os cantos, era amado por muitos atletas que conviveram com ele por longos períodos, tais quais Romário, Edmundo (apesar da briga política, já reforçou seus graus de amizade com Eurico) e tantos outros que surgiram da base vascaína e até Petkovic.
Em relação aos treinadores e comissão técnica, a não ser a briga com Oswaldo de Oliveira, também não há maiores casos de problemas pessoais e de relacionamento no trabalho. Costumava ser o dirigente que blindava os elencos e as comissões técnicas. Brigava com a imprensa defendendo seus jogadores, muitas vezes exagerando no conteúdo, mas, assim, desviando o foco e a pressão em cima de quem tinha que produzir em campo pelo Clube.
Ao longo de sua história como dirigente, foi muito vencedor nas diversas funções que exerceu no Clube, à exceção da Presidência Geral. Como Vice-Presidente do futebol, viveu o auge das conquistas, com Brasileiros e Libertadores em uma sequência muito grande se comparada aos demais. Defendeu o Clube contra tudo e todos, tendo papel importante na história dos arqui-inimigos Fluminense (ajudando na virada de mesa de 1996 e na ascensão do tricolor da Série C diretamente para a Série A entre 1999 e 2000) e Flamengo (defendendo que o rubro-negro não enfrentasse os times vindos do outro Módulo na Copa União de 87, dando a eles o direito de se autoproclamarem campeões neste mesmo ano). No entanto, exercendo a Presidência Administrativa Geral do Clube colecionou inimizades, vergonhas, derrotas inequívocas e muitas dívidas para o Clube.
Isso tudo porque amava demais o Vasco.
E como todo amor exagerado, que ultrapassa quaisquer limites, achou que o Clube era propriedade sua. Se apegou demais aos cargos e ao poder, enfileirou problemas, deixou a sua proeminente soberba suplantar suas qualidades e criou um grau de inimizade nunca antes visto contra um Clube de Futebol no Brasil.
O homem de vanguarda das décadas de 70, 80 e 90, parou no tempo. Ficou atrasado em meio aos demais. Não soube sair de cena e, para evitar maiores vexames quando da divulgação de seus grandes erros, manteve-se enraizado ao Clube, fazendo com que a política do Clube sempre passasse pelo seu nome e seu poder de influência.
Ele só não entendeu uma coisa: o Vasco é muito maior do que todos.
Eurico, descanse em paz. Obrigado pelo que fez de bom. Com certeza, o perdão pelos erros um dia virá. Fizeram muito mal ao Clube, mas ele os superará. Relembre-se: O Vasco é maior que todos!
Com certeza o grito de CASACA! perderá um pouco do seu charme. Até os ícones tão ambíguos como você deixam marcas e a fumaça de seus charutos com certeza ainda ficarão muito tempo emaranhadas nos corredores e nas salas de São Januário.
A fumaça do charuto se apaga, mas seu cheiro ainda será forte durante muito tempo!
/+/ SAUDAÇÕES VASCAÍNAS /+/
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