Para o torcedor vascaíno, o ano de 2019 pode ser considerado de alívio. Afinal, faltando 4 rodadas para o fim do Brasileirão, o Gigante da Colina não corre mais risco de rebaixamento (ainda que a matemática não permita consolidar tal condição). Todavia, é inevitável lamentar essa pífia situação ante a História de sucesso do próprio Vasco da Gama. E, quando nos deparamos com a temporada praticamente perfeita do nosso maior rival, a comparação com o atual desempenho cruz-maltino chega a ser aviltante!
Não adianta atirar pedras contra o atual elenco, o técnico e nem mesmo a Diretoria do Clube. Mas, por outro lado, é preciso, sim, ter a humildade de reconhecer a disparidade da forma como o Vasco tem sido administrado, se considerado o exemplo das últimas gestões do Flamengo. São inúmeras as variáveis a serem consideradas, é verdade, mas traço aqui um breve cenário, em quadro comparativo da evolução gerencial dos dois clubes na última década:
GESTÕES DE FLAMENGO E VASCO
QUADRO COMPARATIVO DA DÉCADA
GESTÕES / PROJETOS | FLAMENGO (BANDEIRA/LANDIM) | VASCO DA GAMA (DINAMITE/EURICO/CAMPELLO) |
POLÍTICA |
ALTERNÂNCIA DE PODER; OPOSIÇÃO FORTE; ELEIÇÕES DIRETAS |
AMADORISMO, DESPOTISMO, GOLPE; OPOSIÇÃO ENFRAQUECIDA E INOPERANTE; ELEIÇÕES INDIRETAS (ESTATUTO ARCAICO) |
FINANÇAS |
IDENTIFICAÇÃO E CORTE DE DESPESAS EXCESSIVAS; NEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS; OBTENÇÃO DE CERTIDÕES NEGATIVAS DE DÉBITO; BUSCA POR PATROCÍNIOS NÃO PONTUAIS |
DIFICULDADES DE ACESSO À “CAIXA PRETA” DO PATRIMÔNIO SOCIAL DO CLUBE; INEFICÁCIA NO SALDO DOS ACORDOS JUDICIAIS COM EX-JOGADORES; DIFICULDADE DE LIBERAÇÃO DE CNDs; PATROCÍNIOS PONTUAIS E POUCO LUCRATIVOS |
ESTÁDIO |
AINDA SEM ESTÁDIO PRÓPRIO, VALEU-SE DE BONS RELACIONAMENTOS POLÍTICOS PARA OBTER CONCESSÃO DO MARACANÃ, DE FORMA DIVIDIDA COM O FLUMINENSE, MAS COM CONTRATO DE LONGO PRAZO |
ESTÁDIO DE SÃO JANUÁRIO PASSOU POR ALGUMAS REFORMULAÇÕES (SETOR VIP, SUBSTITUIÇÃO DE GRADES POR VIDROS, REFORMA NO GRAMADO E TROCA DE ILUMINAÇÃO), MAS O PROJETO DE MODERNIZAÇÃO AINDA DEPENDE DE APROVAÇÃO |
CENTRO DE TREINAMENTO |
NINHO DO URUBU INAUGURADO, MAS IMPROVISOS LEVARAM À TRAGÉDIA OCORRIDA EM 2019 |
CLUBE CHEGOU A FAZER “VAQUINHA” COM TORCEDORES PARA CONSTRUÇÃO DO CT, AINDA EM FASE DE LICENCIAMENTO |
CATEGORIAS DE BASE |
INVESTIMENTO DE CERCA DE 20 MILHÕES DE REAIS; REVELAÇÃO DE NOMES COMO VINICIUS JR. E PAQUETÁ, VENDIDOS PARA GRANDES CLUBES EUROPEUS A CIFRAS MILIONÁRIAS; CONQUISTAS DE TÍTULOS NACIONAIS |
APÓS VENDA A PREÇOS MÓDICOS DE ALGUMAS ÓTIMAS REVELAÇÕES, O CLUBE VOLTOU A INVESTIR RECENTEMENTE NA ESTRUTURA DAS CATEGORIAS E COMEÇA A VOLTAR A PRODUZIR BONS NOMES, COMO TALLES MAGNO, ALÉM DE RETOMAR O SUCESSO NAS COMPETIÇÕES DE JOVENS |
TIME PROFISSIONAL |
APÓS CONTRATAÇÕES EQUIVOCADAS E FRACASSOS FREQUENTES, PASSOU A INVESTIR PESADO EM JOGADORES DE PRESTÍGIO NACIONAL E INTERNACIONAL |
INVESTIMENTO EM JOGADORES CAROS, POUCO CONHECIDOS OU MESMO VETERANOS |
TREINADORES |
TROCOU MUITO DE TÉCNICO, COM CONSTANTES DECEPÇÕES, ATÉ A CHEGADA DE JORGE JESUS |
VANDERLEI LUXEMBURGO, MESMO VETERANO E SEM GRANDES CAMPANHAS NOS ÚLTIMOS ANOS, FOI A MELHOR CONTRATAÇÃO DE TÉCNICO EM UMA DÉCADA |
SÓCIO-TORCEDOR |
150 MIL INSCRITOS EM 2019, COM GRANDE ADIMPLÊNCIA, CARREADA PELO SUCESSO DO TIME PRINCIPAL DE FUTEBOL |
33 MIL INSCRITOS EM 2019 E COM PROMOÇÕES PARA ADESÃO DE NOVOS SÓCIOS |
CONQUISTAS |
LIBERTADORES (1 TÍTULO); BRASILEIRÃO (1 TÍTULO E 1 VICE); COPA DO BRASIL (1 TÍTULO E 1 VICE); ESTADUAL (3 TÍTULOS); COPA SÃO PAULO (2 TÍTULOS) |
BRASILEIRÃO (1 VICE); COPA DO BRASIL (1 TÍTULO); ESTADUAIS (2 TÍTULOS); COPA SÃO PAULO (1 VICE) |
FRACASSOS |
ELIMINAÇÃO PRECOCE NA LIBERTADORES DE 2012, 2014 E 2017; QUASE REBAIXADO NO BRASILEIRÃO DE 2013 |
REBAIXADO NO BRASILEIRÃO DE 2013 E 2015 |
Assim, apenas numa análise superficial já é possível termos uma ideia das causas de sucesso e fracasso dos dois clubes nos últimos 9 anos. Todavia, mais do que espelhar realidades (e nos constrangermos com elas), a proposta é identificar as nossas falhas e, principalmente, mirar nos exemplos positivos. O Flamengo é, sempre foi e sempre será o maior rival do Vasco. Mas, o adversário desportivo pode – e deve! – ser um importante instrumento de inspiração para a reconstrução da imagem vitoriosa do Gigante da Colina.
Nos últimos dias, vimos a festa que os torcedores rubro-negros fizeram, carreada pelo sucesso do time. Mas, se lembrarmos que, a despeito de recentes vexames, o Vasco continua tendo uma torcida tão (ou mais!) apaixonada quanto a deles, capaz de lotar São Januário com frequência, aderir em massa a planos de sócios e ostentar, nas ruas e redes sociais, seu amor pelo clube, por que não acreditar que é possível reerguê-lo ao patamar de onde ele nunca deveria ter saído?
2020 vem aí. É ano de eleição, mas não é preciso esperar o próximo novembro chegar para começar a mudança. O sentimento NÃO PODE PARAR!
/+/ Saudações Vascaínas /+/
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