A torcida cruzmaltina, em sua maioria, venera o goleiro Martin Silva. Não é para menos, pois Martin chegou em um momento bastante delicado. Sofremos um baque muito forte após a saída de Fernando Prass, ao fim da temporada de 2012. Em 2013 tínhamos Alessandro e Diogo Silva a disposição, com o decorrer dos jogos ambos demonstraram não ter as qualidades necessárias para vestirem a camisa 1 do Vasco. Poucos meses depois, Michel Alves foi contratado para ser a solução, mas também provou não ser capacitado o suficiente.

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2013 foi um ano para ser esquecido de forma geral, mais ainda quando falamos de goleiros. No ano seguinte, Martin Silva chegou com o status de salvador da pátria. De cara, o arqueiro caiu nas graças da torcida por ter aceitado assumir o time na segunda divisão daquele ano. As boas atuações só fizeram o carinho e admiração da torcida aumentarem.

Quatro temporadas se passaram, algumas propostas aconteceram, dívidas se acumularam, mas Martin Silva seguiu a frente do gol cruzmaltino. O elo entre Martin e torcida se torna mais forte a cada partida. Mas até as mais bonitas das histórias de amor tem suas tempestades.

Nas duas últimas temporadas, mesmo sendo um dos destaques da equipe, Martin Silva iniciou uma queda em seu desempenho. 2016 e 2017 foram às temporadas em que as atuações do arqueiro mais oscilaram, 2018 também está entrando na lista. Só esse ano, Martin Silva sofreu alguns gols em que provavelmente não sofreria nas duas primeiras temporadas com a camisa do Vasco. Mesmo na decrescente, vale ressaltar que 2018 está sendo o ano em que o arqueiro defendeu mais cobranças pênaltis, já foram seis cobranças defendidas. Fato jamais ocorrido nas temporadas anteriores. Embora essa seja uma excelente marca, não podemos nos apegar apenas as coisas positivas. O desempenho geral caiu em relação às temporadas anteriores, ainda assim Martin segue sendo um dos principais jogadores do time.

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Embora o uruguaio não esteja vivendo seu melhor momento, o motivo para preocupação é outro. Em quatro anos de Vasco, Martin Silva nunca teve um substituto à altura. Todos os seus reservas eram, em sua maioria, goleiros da base, que tiveram muito poucas oportunidades no profissional e ainda não estavam prontos o suficiente para assumir a função quando necessário. Por melhor que um jogador seja, o clube não pode ser refém dele. O Vasco precisa ter um goleiro reserva a altura.

Para nossa sorte, Martin Silva jogou a maioria esmagadora dos jogos desde que chegou. Não sofre com lesões e nem suspensões. Ás vezes em que desfalca o time são por conta das convocações para seleção, e todas às vezes o drama toma conta.

Além dos fatores já mencionados, existem outros muito importantes. Martin completou 35 anos, não se sabe exatamente quanto tempo ainda lhe resta de carreira. Com a idade, talvez o desempenho caia ainda mais, talvez não. Existem goleiros que elevaram seu desempenho após essa faixa de idade, o próprio Fernando Prass é um exemplo disso. Embora ele possa servir de exemplo, essa não é uma regra. Outro fator importante é o mercado, Martin já recusou algumas propostas para permanecer no Vasco, mas não temos certeza que suas decisões sempre serão favoráveis ao Vasco. Em algum momento a proposta pode ser favorável, seja financeiramente ou por qualquer outra questão. Ele não estará errado se resolver aceitar. O ponto principal é que o Vasco não pode ser refém de jogador nenhum.

Um projeto para o início de substituição de Martin Silva se faz necessário. Não quer dizer que um goleiro deve ser contratado para ocupar sua vaga de imediato, não se trata disso. Mas é preciso outro que seja do mesmo nível ou que pelo menos se aproxime e seja mais jovem. Deve ser um projeto pensando a longo prazo, visando o futuro. Essa semana foi noticiado que existe uma divergência entre diretoria e comissão técnica a respeito da contratação de um goleiro para ser reserva de Martin. A diretoria monitora o mercado em busca de um bom nome, porém a comissão técnica não vê necessidade, entendem que Gabriel Felix está apto para ser o reserva imediato de Martin. A decisão final está nas mãos de Zé Ricardo, que ainda não se pronunciou a respeito. Gabriel Felix teve algumas oportunidades no fim de 2017 e em 2018, mas não deixou boas lembranças. A torcida não confia!

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Hoje o jovem goleiro realmente não demonstra estar qualificado o suficiente, talvez não seja o momento para uma responsabilidade desse tamanho. Espero que a diretoria de fato monitore o mercado e busque um bom nome para a função.

Não queremos isso agora, mas um dia o ciclo de Martin Silva com a camisa cruzmaltina irá se encerrar. Não precisamos esperar esse dia chegar para começar a agir. Com planejamento, os problemas são solucionados mais rápido, ou sequer chegam a acontecer.

Acorda, diretoria!

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