vasco até o fim

O Clube de Regatas Vasco da Gama divulgou na sexta-feira, dia 28 de Abril de 2017, seu balanço financeiro referente ao ano de 2016. Apesar de um superávit de R$ 11,9 milhões e uma redução do passivo no último exercício, o clube se mantém em situação delicada, como mostrou o relatório da auditoria independente realizada, que aprovou com ressalvas e mostrou preocupação com o futuro a curto prazo do clube, algo repetido em balanços de anos anteriores.

“Observamos o grau de endividamento operacional, a falta de liquidez imediata (…) indicam que o Clube de Regatas Vasco da Gama evidenciando a necessidade de aporte de recursos financeiros. A administração está aplicando esforços com o objetivo de minimizar os impactos em seu fluxo de caixa. (…) A continuidade das suas atividades operacionais dependerá do sucesso das medidas que estão sendo tomadas pela administração (…). Todavia, eventos ou condições futuras podem levar o Clube de Regatas Vasco da Gama a não mais se manter em continuidade operacional”, lê-se em trechos do relatório da auditoria.

O balanço mostra que o passivo do Vasco diminuiu para R$ 559 milhões, em relação aos R$ 579 milhões de 2015. Houve melhora do patrimônio líquido, que agora está negativo em R$ 289 milhões. No último ano, estava em R$ 301 milhões.

Um dos principais aumentos de receita – que chegou a R$ 213 milhões, contra R$ 189 milhões em 2015 – diz respeito aos direitos de transmissão de televisão, que subiram para R$ 165 milhões, em vez dos R$ 104 milhões do exercício anterior. Segundo o presidente Eurico Miranda, neste valor não estão contabilizados adiantamentos de contratos futuros já assinados.

Esse “crescimento” financeiro, se comparado aos outros clubes brasileiros, é muito tímido, haja vista o tamanho e a força da marca Vasco da Gama. Segue comparativo abaixo:

Estudo sobre o balanço financeiro dos clubes mostra o Flamengo com maior receita total

Um fator fator preocupante diz respeito à dependência do Vasco em relação à TV, pois 77% das suas receitas advém dela. Segue comparativo:

Estudo do balanço financeiro dos clubes mostra o Vitória com maior participação da TV sobre receita total

Dos cinco times com maior torcida no Brasil, o cruzmaltino é o que mais depende da TV. Ou seja, sem o dinheiro da televisão, a situação é praticamente insustentável. A busca por mais parceiros é algo urgente e essencial. Atualmente, o Vasco só conta com a Caixa, Tim e Umbro. A parceria com a Brahma não envolve valores.

Por mais que o Vasco consiga alcançar um superávit com a antecipação das luvas dos contratos de televisão e também com a receita de venda de jogadores, essas são fontes que uma boa gestão não podem confiar a longo prazo. De acordo com Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva, há um caminho para seguir com superávit ao longo dos anos: enquanto não diversificar as fontes de receita e não trabalhar no fortalecimento da marca, vai continuar assim. A receita do bolo já foi mostrada pelos clubes europeus, mas vivemos a Era da Pedra Lascada do marketing esportivo. É bom para o mercado que mais dinheiro venha da TV, mas o problema é a dependência dela. Nós temos que mudar o ponto de vista de marketing, a forma como os clubes recebem esse dinheiro. O que falta é uma visão de negócio, tão forte na Europa e nos Estados Unidos.

Aqui, os clubes trabalham com poucas fontes alternativas de receita e se baseiam muito em cotas de TV e venda de jogadores. Esse é o X da questão, o Gigante da Colina, até este momento, não pautou suas ações em buscar outras alternativas viáveis que levem o clube a um patamar diferenciado, sem a dependência da TV. O Vasco foi um dos clubes que menos arrecadou com bilheterias em 2016, mesmo tendo a segunda maior torcida do Estado do Rio de Janeiro, a quarta maior nas capitais do Brasil e a quinta no país, segundo pesquisas. Mas não consegue transformar isso em recursos.

Vejamos:

Mesmo tendo um Estádio próprio, o cruzmaltino não conseguiu transformar isso em lucro real para o abastecimento dos combalidos cofres da colina.

info gráficos torcidas (Foto: infoesporte)

Segunda maior torcida do Estado do Rio de Janeiro.

Quarta maior torcida nas capitais do Brasil.

Pesquisa de torcidas do instituto Paraná Pesquisas, com dados de março a dezembro de 2016. Arte: Cassio Zirpoli

Quinta maior torcida brasileira no geral.

Não precisa ser um especialista para observar que as últimas administrações do Vasco foram lesivas ao clube, tanto desportiva quanto, principalmente, financeiramente.  Só com jogadores que não estão mais no clube, gastamos milhões. Segue a relação de alguns:

1 Jonas 4.8 milhões
2 Felipe 4.3 milhões
3 Edmundo 2.7 milhões
4 Nei 1.5 milhões
5 Auremir 1.5 milhões
6 Fernando Prass 1.3 milhões
7 Montoya 750 mil
8 Nilton 600 mil
9 Fagner 1.2 milhões
10 Elson 540 mil
11 Elder Granja 500 mil
12 Sandro Silva 3.4 milhões
13 Caíque 400 mil
14 Eder Luiz 14 milhões
15 Felipe Bastos 2.2 milhões
16 Yotun 750 mil
17 Guinazu 1.4 milhões
18 Rômulo 760 mil
19 Benitez 700 mil

Somente foram citados os jogadores da gestão Roberto Dinamite. Cabe apresentar também a evolução da dívida do Vasco desde ao final da década de 1960 até 2016:

– Administração Agarthyno (1969 a 1979): 50 milhões;

-Administração Alberto Pires (1980 a 1983): 70 milhões;

– Administração Calçada (1983 a 2000): 150 milhões;

– Administração Eurico (2001 a 2008): 200 milhões;

– Administração Roberto (2009 a 2014): 700 milhões; e

– Administração Eurico (2015 a 2016): 559 milhões.

Os defensores da atual administração dizem que Eurico e companhia conseguiram aumentar a receita do clube pelo segundo ano seguido, com 60 milhões a mais vindo da TV, diminuindo da dívida total é apresentando superávit de 11 milhões no ano, conseguindo o maior patrocínio master desde o Nations Bank, o terceiro maior contrato da Caixa Econômica no futebol brasileiro, alcançando o valor de R$ 162 milhões em dívidas pagas, conquistando o bicampeonato carioca e hexa invicto, 34 jogos de invencibilidade histórica, volta do basquete, dívidas equacionadas, salários em dia, CAPRES e CAPRES da base, patrimônio recuperado e ampliado, aumento no valor da marca, participação em torneio internacional e responsabilidade financeira. Bom, se reduziu a dívida para 170 milhões em dois anos, estamos no caminho certo, pois em cinco anos as dívidas estarão pagas.

Já aqueles que são contrários a forma de administrar o clube, questionam, pois observaram que o aumento no ativo está baseado em duas rubricas que têm muita incerteza ou que poderiam ser melhor explicadas: créditos a receber e valor dos “Atletas em formação”;

Por outro lado:
– R$ 132,5 milhões em empréstimos de terceiros (aumento de quase R$ 20 milhões com relação a 2015). É assim que se paga dívidas?
– As principais receitas têm alguns resultados pífios, mostrando como caiu atração de torcedor e a inabilidade em captar patrocínios. Aliás, vale comparar com o Orçamento, pois está Muito distante do que havia sido previsto.
– O que houve na queda de receita com licenciamento e royalties? Caiu quase 20 vezes. Em 2015 entrou dinheiro da Umbro e em 2016 não? Deveria haver explicação.
– Em 2015 havia 13 milhões a receber da Vitton 44, que rompeu unilateralmente com o Vasco. Em 2016 esse valor zerou. Mas aparentemente não foi pago. Deixaram a dívida morrer assim mesmo? Onde foi parar esse dinheiro?
– Depreciação em 2015 aparentemente havia sido mal calculada. No orçamento desse ano parece.
– Temos uma dívida (provavelmente de luvas ou direitos de imagem) de R$ 1 milhão com Andrezinho.
– Paulo Angioni já teve seus R$ 500 mil pagos. Todavia fica ainda a dúvida: de onde veio essa dívida? Só sabemos que não valeu muito a pena pra ele vir, ajudar a rebaixar o Vasco e ir embora com meio milhão.
– E claro, com destaque, essa: nosso maior valor de dívida por empréstimo a curto prazo é com o empresário Carlos Leite, e a longo prazo é com a Rede Globo.

O presente já não é tão animador. O problema maior é que o futuro parece ainda mais tenebroso. Pior é a própria diretoria administrativa achar o resultado bom (sendo que está muito distante do previsto por ela mesma no orçamento).  O que conseguimos observar de concreto neste balanço foi a dependência de novos credores sem legitimidade para agir como tal (Carlos Leite é um banco? A Globo é um banco? Como dependemos tanto deles para empréstimos); dívidas novas difíceis de explicar (500 mil com Paulo Angioni, 1 milhão com Andrezinho?); redução do passivo, o que é positivo, mas em apenas 3%, ou seja, a montagem fraca do elenco do futebol em 2016 não se refletiu em muitos ganhos financeiros; e evolução positiva de receitas, o que é bom, mas cada vez mais oriunda das cotas de Televisionamento.

Está mais do que claro que o Clube de Regatas Vasco da Gama precisa de duas coisas primordiais para retornar ao seus dias de glória: uma BOA GESTÃO PROFISSIONAL e a PARTICIPAÇÃO MACIÇA DE SUA TORCIDA SE ASSOCIANDO. O futuro do clube depende de nós. A torcida vascaína tem um histórico de ajuda ao clube em momentos difíceis e CHEGOU A HORA DA VIRADA. Não estamos nem entre os dez clubes em números de sócios-torcedores no Brasil, mesmo tendo uma gigantesca torcida. Ocupamos a 19º posição. Segue o gráfico atualizado em Fevereiro de 2017.

Lista dos 10 primeiros no ranking de sócio-torcedores (Foto: Reprodução SporTV)

Sem a nossa participação, o apequenamento institucional, continuará a todo vapor. Os números não mentem: estamos atrás de muita gente no que tange a receitas, patrocínios, bilheterias e número de associados. Não importa nesse momento quem esteja a frente do clube, pois nosso amor é maior do que tudo isso. Precisamos nos unir, como na década de 1920, na construção de São Januário. Seja você um Gigante, independentemente de quanto possa contribuir, desde o menor valor até o valor máximo, o importante é se associar. Até no cartão de crédito parcelado está valendo. Não tem desculpas.

Segue o link abaixo para se associar:

https://socio-vasco.futebolcard.com/planos

O Vasco precisa de nós!

/+/ Saudações Vascaínas /+/