Ramon Menezes assumiu o comando do Vasco em abril deste ano, após a demissão de Abel Braga. Embora tenha tido breves experiências em pequenos clubes mineiros, goianos e catarinenses, podemos considerar que Ramon faz sua estreia na função justamente no Gigante da Colina, onde foi campeão brasileiro e continental como jogador. E o início não poderia ter sido melhor: sob seu comando, o Vasco venceu 6 das 7 partidas oficiais que disputou, alcançando a liderança do Brasileirão e a classificação para a quarta fase da Copa do Brasil. Mais do que isso, foi instituído o “ramonismo“, estilo de jogo pautado num sistema de marcação bem consistente e que, quando tem a bola, busca em poucos toques na bola chegar no ataque com chance de finalização.

Mas ontem, no clássico contra o Fluminense, Ramon fracassou. Completamente. Da escalação ao esquema de jogo, passando pela ineficácia das substituições. Alguns poderão alegar que as ausências dos meias Andrey e Bruno Gomes e do atacante Vinícius prejudicaram o seu planejamento para o clássico. Contudo, um técnico deve saber que não pode contar sempre com a sorte.

O Vasco começou o jogo com dois volantes, mas nenhum deles com o cacoete para a primeira linha do meio-campo. Bastos não tem velocidade, ainda mais pra correr atrás dos jovens atacantes tricolores. Carlinhos é mais um armador do que um marcador. O gol do Fluminense, logo no início, em chute certeiro de Dodi, resultou de jogada que seria a tônica do jogo: a exposição do setor defensivo do Vasco, justamente o ponto forte do “ramonismo”. Na frente, Benítez tentava criar, mas era bem marcado. Cano não viu a bola – até se assustou quando ela o procurou na área. E Talles? Deu até pena do jovem atacante, que corria, driblava, mas se via na ingrata e solitária missão de tentar algo de produtivo, já que seu parceiro Parede era peça nula.

 

No segundo tempo, Ramon fez substituições ineficientes: a troca de Parede por Juninho não fortaleceu suficientemente a marcação (embora o meia tenha sido mais ativo do que o atacante); Pec, substituto de Carlinhos, não deu a consistência esperada na armação das jogadas de ataque e ainda deu brecha para o adversário chegar ao segundo gol; e, apesar do artilheiro Cano ter passado em branco, a entrada de Ribamar é simplesmente inexplicável. A única mexida bem sucedida foi a saída de Bastos, que deu lugar a Bruno César, autor da jogada que resultou no gol de Talles. Nos acréscimos, a expulsão do camisa 11 vascaíno foi justa, mas justificável, pela sequência de faltas que sofreu sem punição ao longo da partida. Talles, aliás, foi eleito por unanimidade entre os colaboradores do Saudações Vascaínas como o melhor cruz-maltino em campo. Pikachu, mais uma vez um desastre, também teve unânime escolha, como o pior jogador.

Obviamente, Ramon tem crédito. Mas não há dúvida de que errou a mão em tudo o que planejou e (não) realizou. Resta saber se vai aprender com seus equívocos e repensar alguns conceitos, sob pena de ver o “ramonismo” sucumbir.

/+/ Saudações Vascaínas /+/

Fernando Miguel: inseguro nas bolas cruzadas na área, pulou atrasado e não bateu na bola com a firmeza necessária para evitar o gol de Fred. Nota 3.

Yago Pikachu: completamente perdido na marcação e tímido no apoio ao ataque. Nota 1.

Ricardo Graça: um jogador voluntarioso, mas que sofre por jogar “torto”. Nota 5.

Leandro Castán: lutou em vão. Nota 6.

Henrique: nervoso, esteve abaixo do seu desempenho nos jogos anteriores. Nota 4.

Fellipe Bastos: não pode ser o principal responsável pela proteção à defesa. Nota 4. Foi substituído por Bruno César, que buscou o ataque e criou a jogada do gol. Nota 6.

Carlinhos: mais um fora posição. Nota 5. Foi substituído por Gabriel Pec, que nada fez. Nota 2.

Benítez: buscou o jogo, mas foi muito bem marcado. Nota 6.

Parede: estático. Nota 1. Deu lugar a Juninho, que deu mais mobilidade ao time. Nota 5.

Cano: mal tocou na bola. Nota 4. Foi substituído por Ribamar, que se esforçou, mas sem qualidade. Nota 3.

Talles Magno: o gol premiou sua melhor atuação em 2020, apesar da expulsão, nos acréscimos. Nota 7.

Ramon Menezes: escalou mal, errou no sistema de jogo e não foi feliz nas substituições. Nota 0.