Por Pedro Carvalho de Almeida

Tiro de meta. Martín toca para Paulão. Paulão entrega pra Jean. Jean corre e toca pra Nenê na esquerda. Nenê prende a bola, tenta o drible e é desarmado.

Se você, leitor, não assistiu essa cena nos últimos jogos do Vasco da Gama, você não assistiu os jogos. A típica jogada do nosso tão querido camisa 10 já nos custou dezenas de jogadas que facilmente resultariam em gols essenciais ao time.

O número popularizado por Pelé como uma referência ao time, e normalmente seu melhor jogador, passou por maus bocados em nosso Clube de Regatas. Nos últimos 7 anos tivemos 7 jogadores que foram contratados para a função e aquele que vestiu o tão sagrado número nas costas por mais vezes foi justamente o senhor Anderson Luiz de Carvalho, com mais de 110 jogos. Desde sua contratação em 2015 surgiram promessas de como seu estilo tornaria o jogo mais dinâmico e seus cruzamentos precisos. Mas a que custo?

Há uma mania no time do Vasco, persistente a mais de 3 temporadas, de tocar todas as bolas para o meia-atacante armar o ataque. Roubada de bola, começando de um lateral ou tiro de meta, invariavelmente há uma participação Neneística nas jogadas. Essa mania se transformou em problema no início da temporada, quando o jogador teve péssimas atuações (ok, o time inteiro também jogou mal, mas foco) que comprometeram partidas que podiam ser empatadas e até ganhas, caso não fosse a necessidade de usá-lo como ponte entre defesa e ataque.

E mesmo com seus gols de falta, seus escanteios (curtos) e aqueles milagres que acontecem tal qual a passagem do cometa Halley pela Terra, Nenê não tem uma regularidade digna de um camisa 10. Individualmente ele é o melhor do time, é só analisar as estatísticas, mas é aquilo: arrebenta em um jogo e passa 4 rodadas atrapalhando o time. Por mais controversa que tenha sido a passagem de Milton Mendes no comando da equipe, nunca vi sua decisão de barrar o “craque” como errada – MUITO PELO CONTRÁRIO! Um Mickey enfurecido joga mais que o time do Corinthians inteiro no primeiro turno, mais que o Neymar depois de um zapzap da Marquezine, mais até que o Messi vomitando numa final da Champions!

Eu sei que o campeonato está acabando e que as chances dele ir para o banco nessas últimas rodadas é quase nula. Mas caso ele continue como nosso querido camisa 10, acho que não custa pensar em dar aquela famosa bronca no cara, pelo menos para impedir que seu ego gigantesco não suplante sua habilidade no gramado.