Mais uma vez. Mais uma vez a famiglia Miranda se encontra nas capas dos jornais. Pela administração vascaína ou pela possível classificação a Libertadores, perguntaria o incauto leitor. Não. Nunca por isso. Aparece novamente por seu possível envolvimento com negócios escusos. Dessa vez, fora por causa da suspeita de ligação com membros de torcidas organizadas.

Os leitores mais novos já estão acostumados a manchetes negativas sobre os Miranda. A familglia, quando não é suspeita de envolvimento com as organizadas, é suspeita de fraude no pleito de novembro, que levou à criação de uma urna separada para os sócios “questionáveis”. Antes disso, foi acusada de dar o título de sócio remido a um conhecido torcedor do arquirrival. Ainda mais cedo, também esteve envolvida no triste episódio que envolveu o clássico Vasco x Flamengo. Provavelmente sepultando chances vindouras de um novo clássico entre as equipes em São Januário.

O que estranho é que, em meio a uma dita cruzada contra a corrupção em todos os âmbitos. Muitos vascaínos ainda protegem a famiglia e provocam aqueles que pensam diferente. Defendem o famoso ditado que nos anos 90 muitos eleitores utilizavam ao se referir a Maluf: Rouba mas faz. Como assim? Roubar é sempre ruim. Nós vascaínos, nascidos no seio da religião católica, mas com um flerte interessantíssimo com as religiões afrodescendentes, aprendemos ainda na infância que o roubar é um dos maiores pecados. No entanto, toleram os Miranda por, alguns, terem criado a ideia que é necessário vivência no clube e “conhecer a colônia” para fazer o Vasco singrar em mares menos revoltos. Pergunto: o que uma gestão correta estaria fazendo com o Vasco neste momento? Respondo também. Basta olhar para o time da Gávea. Bem gerido, nenhum escândalo envolvendo sua gestão e, cada vez mais, tranquilo quanto a seu futuro.

Nós, por outro lado, vemos o Vasco se apequenar a cada novo mandato da situação. Em diversos momentos, enquanto conduzíamos as entrevistas com os presidenciáveis, ouvíamos que o Vasco não aguentaria mais um mandato dos Miranda. No entanto, os mesmos seguiram com votação expressiva. Como? Não precisa entender de futebol, não precisa saber gerir um clube para notar quão danosa é cada uma dessas capas de jornais. Quanto cada um desses escândalos mancha a belíssima e única história do Club de Regatas Vasco da Gama.

Já abordamos aqui, mas não custa lembrar. Caso você, tivesse uma empresa, você investiria seu dinheiro no patrocínio de uma instituição que convive com suspeitas? Eu sei que eu não. Digo mais, a empresa que trabalho faz análise reputacional de TODOS seus fornecedores e patrocinados. Garanto que jamais colocaria um centavo no nosso tão amado clube, por isso. Então, retorno a pergunta: Como ainda existem pessoas apoiando a famiglia?

Não podemos mais seguir com o pensamento pequeno e tacanho do rouba mas faz. Quero quem faça, apenas.

Eu, desde pequeno, sonhava jogar bola. Desejo esse que não pude seguir por um problema que atinge 90% dos brasileiros: falta de habilidade. Na impossibilidade de jogar, tornei-me jornalista. Profissão que o destino tratou de me desviar. No entanto, o sonho persiste, viver de futebol, mais especificamente do meu primeiro amor, o Vasco. Assim como eu, existem muitos dispostos a dedicar a vida pela cruz de malta. Somos incapazes de pensar em ferir o clube de São Januário. Por que não colocamos esses verdadeiros vascaínos a frente do time? Por que insistimos naqueles que são pegos na saída do estádio com a renda do clássico? Não entendo.

Por favor, me expliquem…

Citando Drummond: Não sou vascaíno doente. Doente é não ser vascaíno. No entanto seguimos com a famiglia que não é vascaína na gestão de nosso clube.