Em 06 de Agosto de 2017, o treinador Zé Ricardo deixava o Flamengo sob pressão e vaias por parte da torcida, mesmo tendo levado o clube à Libertadores. Internamente, o clima foi considerado insustentável e nem mesmo o presidente Bandeira de Mello, entusiasta do treinador, conseguiu o manter no cargo. Seu nome foi ventilado no Vasco e recebeu algumas críticas, pois alguns vascaínos entendiam que era um risco trazer alguém com um passado rubro-negro, todavia Zé Ricardo é contratado e assume o Vasco no lugar de Milton Mendes, demitido após uma série de cinco partidas sem vitórias e com o time cruzmaltino na 16ª colocação do Brasileiro de 2017, apenas uma acima da zona de rebaixamento. Muita desconfiança em torno dele e para piorar um time totalmente desorganizado taticamente.
Profissionalmente, Zé poderia estar sepultando a carreira em caso de revés. Alguns comentaristas diziam ser uma escolha arriscada do treinador, entretanto Zé Ricardo assumiu o risco. Logo com pouco tempo de clube, o técnico já tinha conquistado a admiração do elenco, funcionários, diretoria e da exigente torcida. Com seu jeito calmo e equilibrado, deu mais harmonia ao grupo, em contraste com o estilo mais enérgico de seu antecessor Milton Mendes. Além disso, Zé deu um padrão tático à equipe, apostou em determinados jogadores que estavam desacreditados no elenco e levou o clube à pré-libertadores.
A temporada começou de uma forma quase trágica para o cruzmaltino. Devido ao conturbado processo político, o clube se desorganizou e peças importantes da temporada passada foram perdidas. O time tinha limitações visíveis, e com a saída de algumas peças, a situação piorou. Como desgraça pouca é bobagem, as contratações não empolgaram. Nenhuma contratação feita foi de causar frisson no torcedor. Em meio a isso tudo o treinador ainda teve uma consulta do Santos a respeito de sua condição no clube. Fontes indicam que houve uma recente sondagem do Atlético-MG.
Enquanto a situação política não se decidia, o clube sofria. Sem salários e sem estrutura, Zé Ricardo se manteve firme e “segurou” a onda de alguns jogadores insatisfeitos. Por vezes foi até gandula em treinamentos da equipe em Vargem Grande. E tudo isso às portas da estreia na temporada.
Zé Ricardo tinha mais um desafio, remontar um time com as peças disponíveis e manter o clube competitivo. E ele conseguiu. O Vasco foi irregular no carioca sendo eliminado precocemente na primeira fase da Taça Guanabara, porém já demonstrava a mesma organização do ano passado. E a confirmação veio nos três jogos da fase eliminatória da Libertadores. Foram até agora três jogos com dez gols marcados e nenhum sofrido. Uma equipe rejuvenescida e organizada taticamente. A equipe não tem um jogador de destaque, mas demostrou até aqui uma organização incrível e um ajuste claro. Nitidamente se vê o “dedo” do treinador. Além de ser bom no vestiário, Zé Ricardo sabe montar uma equipe. Alguns podem reclamar sobre algumas alterações e opções, entretanto não podem reclamar da forma como ele arma a equipe.
Normalmente Zé Ricardo arma a equipe num 4-3-3, variando para um 4-4-2 ou 4-3-1-2. O treinador gosta de ter dois jogadores abertos pelas pontas. Com a bola, os laterais aproximam para tabelar com cobertura de um dos volantes, sem a bola os pontas ajudam fechando a marcação pelos lados. Com a posse de bola, os zagueiros jogam bem à frente.
O jogo de quarta-feira mostrou uma equipe muito centrada, com um bom trabalho de bola (marca do Zé) e velocidade. Quem viu o jogo ficou bastante satisfeito, pois o Vasco versão 2018 parece ser melhor do que o de 2017 mesmo com as perdas. É muito cedo para cravar isso, mas pelo menos é uma equipe mais rápida nas transições de bola. O Vasco tem limitações nítidas, mas com muita luta e organização tática, pode ir muito longe nessa temporada.
Zé Ricardo, parece ser o tipo de treinador que faz um grande e bom omelete com poucos ovos, um verdadeiro craque de um time jovem e promissor. Salve Zé Ricardo!
(+) Saudações Vascaínas (+)
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