Uma tarde chuvosa no Rio de Janeiro, em meio a um feriadão. Uma posição incômoda na tabela, a poucos pontos do chamado “Z4”. Um time limitado tecnicamente. Sobravam-me motivos para não ir a São Januário ontem. Mas eu fui.
Fui, mas não era a confiança que me movia. Tá certo, o adversário iria a campo com um time reserva, mais preocupado com a final da Copa do Brasil. Mas só isso não justificaria o favoritismo do Vasco, em mais uma inglória luta contra o rebaixamento. Não, definitivamente eu não estava otimista.
Chegando ao Estádio São Januário, as dificuldades para achar um estacionamento, para comprar um par de ingressos pra mim e minha esposa (havia uma imensa fila que se estendia atrás das poucas bilheterias disponíveis para os não-sócios), para encontrar um lugar com boa visibilidade para o jogo. Tudo parecia dizer que aquele programa não seria uma boa ideia.
Pra completar, um primeiro tempo desolador, em que o Vasco não deu um único chute a gol, errava passes de todas as distâncias possíveis e fazia a torcida pedir a saída imediata de Fabrício.
Mas havia algo que me dizia que eu não iria me arrepender. Era um sentimento. Um sentimento que não era só meu, mas certamente o dos outros 11.375 vascaínos que compraram a ideia de acreditar na força da torcida no Caldeirão.
E, olha, vou contar: nós não fizemos os gols, mas demos uma baita assistência! Sim, foi o nosso sentimento que moveu o time a jogar com mais garra no segundo tempo; foi o nosso sentimento que fez o Pikachu buscar mais o jogo e acabar premiado com um gol; foi o nosso sentimento que fez até mesmo o Fabrício – sim, aquele mesmo a quem queríamos defenestrar na primeira etapa – conseguir um improvável cruzamento que resultou no primeiro gol vascaíno; foi o nosso sentimento que estimulou Werley e Fernando Miguel a se atirarem à frente dos rivais e evitarem o gol de empate; foi o nosso sentimento que fez o Max… tá bom, o Max López é um caso à parte.
Abre parênteses: o gringo é um oásis de criatividade em meio a um deserto de falta de qualidade técnica no atual elenco vascaíno. É impressionante como ele transforma bolas quadradas em esferas perfeitas! E até quando não toca na bola é genial, como no “corta-luz” para o gol do Pikachu. Isso sem falar no golaço que ele próprio anotou, a la Edmundo. Fecha parênteses.
Enfim, o 2×0 no placar de São Januário pode até não refletir a realidade do Vasco. No entanto, ontem não era dia de criticar, mas de apoiar. Não era dia de desacreditar, mas de sonhar. Não era dia de falar, mas de sentir.
A vitória do Vasco foi o triunfo de um sentimento. O sentimento de que o Gigante pode até estar decadente, mas não está morto. E no que depender do coração de cada cruz-maltino, como diz a música, o sentimento não pode parar.
P. S.: hoje não vou dar nota aos jogadores – só pra torcida: nota 10!
/+/ Saudações Vascaínas /+/
é isso aí, Mauro. Belos registros. Mostraste seres pé quente. Saudações vascaínas. Que a energia da vitória e clima contagiem os jogadores e comissão técnica.