Bangu. O gigantesco bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro é dos mais tradicionais da capital carioca. Conhecido como uma das regiões mais quentes do Estado e por abrigar o complexo de presídios mais famoso do País, Bangu também tem suas virtudes: foi lá onde se construiu, ainda no Século XIX, uma das mais relevantes fábricas de tecidos do Brasil, que por décadas fomentou o crescimento econômico do Rio de Janeiro. Além disso, é berço de inúmeros craques do nosso futebol, do lendário Domingos da Guia, passando por nomes como o de seu filho, Ademir (que viria a brilhar no Palmeiras), Aladim, Arturzinho e Dé, dentre outros.

Bangu também originou algumas expressões populares, a saber:

“Fazer à bangu”¹, que significa “fazer sem cuidado, de improviso, de qualquer jeito”;

“Ficar à bangu”², que significa “ficar sem nada”;

“Abalou Bangu”³, que significa “fazer bonito, sair-se bem”.

Pois não é que, no último sábado, Bangu voltou “à boca do povo”, honrando suas tradições futebolísticas? Em pleno Estádio de São Januário, os outrora “mulatinhos rosados” aprontaram pra cima do Vasco, virando e vencendo o jogo derradeiro da fase classificatória da Taça Rio. Com a melhor campanha do segundo turno, o Bangu assegurou-se, ao menos, entre os 4 melhores times do Campeonato Estadual, o que não ocorria desde 2002.

E o Vasco? Mais uma vez começou o jogo em ritmo intenso, pressionando o adversário “contra as cordas” e criando várias chances de gol, até consegui-lo, novamente por meio do jovem Tiago Reis. Mas eis que vem o segundo tempo e o time cruz-maltino, além de cansado, mostra que tem limitações técnicas evidentes. As substituições equivocadas do técnico Valentim só precipitaram o desastre: com um buraco no meio-campo e repleto de atacantes, o Vasco passou a jogar de forma descuidada… “À BANGU”! Resultado: o visitante aproveitou-se, dominou as ações, virou e venceu o jogo.

Quis o destino que, com a derrota do Volta Redonda para o Boavista (sob a batuta do ex-vascaíno Carlos Alberto), o Vasco não apenas garantiu classificação para a semifinal da Taça Rio como terá novamente pela frente… o Bangu! O Gigante da Colina tem agora uma nova chance de mostrar um bom futebol, com mais equilíbrio tático e maior dosagem de fôlego durante os 90 minutos para finalmente “ABALAR BANGU” e chegar a mais uma final de turno.

Se isso não acontecer e o Vasco voltar a “FICAR A BANGU“, a torcida não vai perdoar!

Pra cima deles, Vascão!

 

¹ O termo, de origem indígena, advém de uma espécie de padiola feita de tiras de couro, usadas para transportar feixes de cana-de-açúcar. Como o material era feito de forma improvisada, sem esmero, fazer algo “a bangu” virou sinônimo de agir com desleixo.

² Também com a mesma origem, a gíria foi usada por Arlindo Cruz no samba “Tô a Bangu”.

³ Em 2 de agosto de 1958, houve uma grande explosão no paiol das Forças Armadas no bairro de Deodoro. Como foi algo de muito impacto, as pessoas diziam que o estrondo foi tão grande que “abalou de Deodoro até Bangu”. Com o tempo o “abalou até Bangu”, virou apenas “abalou Bangu”. A expressão foi imortalizada décadas depois pelo escritor Mauro Rasi na peça teatral “Abalou Bangu” e na TV pelo ator Luiz Carlos Tourinho.

Fonte: bangu-ac.com.br/idolos; banguonline.com.br; diariodorio.com/historia-da-expressao-abalou-bangu/

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