Hoje o Vasco estreia no segundo turno do Campeonato Brasileiro, contra o Palmeiras, em São Januário. Mas, infelizmente, o assunto que abordarei aqui não envolve futebol, embora o palco do tema desta crônica tenha sido o mesmo, ontem.

Neste sábado, assistimos mais um capítulo vergonhoso da Tragédia encenada na Colina Histórica nas últimas décadas. É verdade que, desde agosto, já se sabia que a eleição para Presidente do Vasco da Gama aconteceria neste 7 de novembro. Mas, amigos, ultimamente, certeza não tem sido uma característica do clube.

 

Na última terça-feira, após uma divergência entre o presidente da Assembleia Geral Ordinária, Faués Cherene Jassus, o Mussa, e o Presidente e candidato à reeleição, Alexandre Campello, sobre os critérios da eleição, todos os candidatos decidiram, por unanimidade, adiar o pleito até que a controvérsia fosse sanada. A decisão administrativa foi corroborada pouco depois, por decisão judicial liminar, que deferiu o pedido de remarcação da votação para o dia 14 deste mês

No entanto,  no “apagar das luzes” de sexta-feira, a Justiça Estadual, em sede de plantão, acatou pedido formulado pelo candidato Leven Siano e por Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo do Vasco, e determinou que a eleição deveria ser mantida na data original, e de modo exclusivamente presencial.

A partir daí, aconteceu o que mais temíamos: o vascaíno que pôde, em meio à pandemia do coronavírus, compareceu às urnas, mas sem tem certeza de que seu voto seria validado; e o vascaíno que se habilitou para votar, mas só poderia fazê-lo de forma online, foi absurdamente alijado do processo eleitoral. Pra fechar o dia, uma nova decisão judicial interrompeu o pleito, mas, mesmo assim, alguns votos continuaram a ser depositados. Às escuras ficou o Vasco, literal e metaforicamente.

Estou envergonhado.

Lamento e sou solidário ao meu grande amigo Dante Bruno Filho, em sua frustração e revolta. Ele, seu idoso pai e todos os vascaínos que foram hoje a São Januário, achando que ajudariam a renovar o Vasco, são vilipendiados com uma infâmia não condizente com a história de lutas contra injustiças sociais que tanto nos honra.

Lamento por Orlando Donin, pessoa honrada e batalhadora, que assumiu uma atividade árdua pela reconstrução do clube e agora vê seu trabalho desrespeitado.

Lamento por mim, por Rodrigo Machado, por Matheus Barbosa e por Roberto Guimarães, demais colaboradores do Saudações Vascaínas, que não votamos, mas tentamos, cada um de seu modo, ajudar nesse processo eleitoral e, talvez ingenuamente, acreditamos que era possível uma mudança.

Lamento que o Vasco que aprendi a amar tenha se tornado essa republiqueta de araque, em que pequenos e podres poderes sejam mais valorizados do que o maior patrimônio do clube: o torcedor. Há muito tempo somos – e, pelo jeito, continuaremos a ser – chacota nacional. Aliás, de nacional, só nossa torcida, porque o Vasco de hoje é provinciano, na gestão administrativa e desportivamente.

Lamento, mas faço minhas as palavras do Dante: pobre Vasco.

 

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Em tempo: esta crônica foi encerrada antes do início da contagem dos votos, considerando que o resultado da eleição estará sub-judice.