Por Mauro da Silva Amorim Filho

 

O técnico Tite anunciou ontem a lista definitiva dos 23 jogadores que representarão a Seleção Brasileira na próxima Copa do Mundo, daqui a exatamente um mês, na Rússia. Desse grupo, apenas 3 jogadores atuam no futebol brasileiro. Nenhum no futebol carioca. Portanto,  nenhum vascaíno.

Não que isso seja surpresa, seja pelo histórico de convocações de Tite, seja pelo fato de que a grande maioria dos craques da atualidade jogam no exterior. O que me causa tristeza é que o Vasco, além de não contar há muito tempo com “selecionáveis”, sequer revela jovens atletas com potencial de qualidade para disputar uma Copa do Mundo.

Como a memória já não é mais a mesma, fui pesquisar a informação. O último jogador vascaíno convocado para um Mundial foi o goleiro Carlos Germano. Há 20 anos! Isso mesmo, depois da Copa do Mundo da França, em 1998, foram convocados, nas 5 edições seguintes, 25 jogadores que atuavam no País nas respectivas ocasiões. Desses, 4 atuavam no Rio de Janeiro. E nenhum era do Vasco.

E aí não importa se esses “eleitos” foram revelados pelos clubes onde jogavam ou se foram contratados antes da respectiva convocação. O fato é que, há pelo menos duas décadas, o Vasco deixou de ser protagonista na Seleção Brasileira. Justamente o terceiro maior clube brasileiro “fornecedor” de craques em todas as Copas do Mundo. Carlos Germano foi o 35º vascaíno lembrado para um Mundial de Seleções. O Gigante da Colina, que já foi a base do escrete canarinho nas Copas de 1950 e 1990, além de ter fornecido para o Brasil feras como Leônidas da Silva (1934), Barbosa e Ademir (1950), Bellini e Vavá (campeões mundiais em 1958), Roberto Dinamite (1978 e 1982) e Bebeto (1990), entre outros, perdeu terreno neste cenário.

Claro, pode-se falar em exceções, ainda que por circunstâncias diferentes: Phillipe Coutinho (jogador do Barcelona e convocado agora), Luan (atualmente no Palmeiras e campeão olímpico em 2016, ainda sob as vestes cruz-maltinas) e Dedé (zagueiro cruzeirense e também lembrado por Tite na lista de “excedentes” para a Rússia). Mas mesmo esses três jogadores, revelados em São Januário, são justamente os melhores exemplos de como a política do clube só tem prejudicado o próprio Vasco, não apenas financeiramente, como do ponto de vista moral: o primeiro foi negociado para o exterior antes mesmo de se tornar profissional; e os outros dois, vendidos para clubes nacionais a preço de banana.

A convocação da Seleção Brasileira proporciona mais esse pesar quanto ao momento terrível pelo qual passa o Club de Regatas Vasco da Gama: um clube que já misturou o verde-e-amarelo às suas tradicionais cores e que hoje sequer teve um atleta cogitado para engrossar o seu vasto elenco de jogadores que disputaram uma Copa do Mundo.

 

Fontes: https://www.netvasco.com.br/mauroprais/vasco/nascopas.html; https://pvc.blogosfera.uol.com.br/2018/05/14/tite-convoca-selecao-com-menor-numero-de-clubes-brasileiros-em-copas/; http://estadiovip.com.br/70195/os-times-brasileiros-que-mais-cederam-jogadores-as-selecoes-em-copa-do-mundo

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