Entre os anos de 1997 e 2001, o Vasco da Gama esteve em 12 finais de campeonatos, de Mundiais a Estaduais. Não computadas as taças de turnos, o clube foi bicampeão sul-americano (Libertadores e Mercosul), bicampeão brasileiro, campeão do Torneio Rio-São Paulo e campeão estadual.

Nessa época de glórias, após a traumática perda do título mundial de clubes de 2000, nos pênaltis (sempre eles!), o então dirigente vascaíno Eurico Miranda, morto no último mês, ao ser questionado sobre o fato, declarou que ser vice-campeão era motivo de orgulho, pois significava ter um time que sempre chega às finais das competições.

Como em outras ocasiões, o infeliz (ou não) depoimento voltou-se contra o próprio Vasco; após amargar, logo na sequência, mais uma derrota em decisão contra o Flamengo, a torcida vascaína ouviu da rubro-negra, em tom provocativo, o coro que viria a ser uma triste praxe nas últimas décadas:

VICE DE NOVO.

Desde então, sempre que o Vasco disputou alguma final, principalmente contra o seu arquirrival, esse trauma emergiu para nós, cruz-maltinos. Curiosamente, nossa torcida sempre elege o Flamengo como o adversário preferido em finais, como se sentisse necessidade de “vingar” seus insucessos, mais até do que simplesmente preocupar-se com suas próprias metas, potencialidades e limitações temporais. Aqui no Saudações Vascaínas, em enquete informal, a quase totalidade dos nossos leitores declarou preferir enfrentar os flamenguistas aos tricolores na final da Taça Rio, mesmo cientes de que estes últimos estão num nível técnico mais equiparado ao do momento atual do Vasco – e, portanto, são potencialmente mais acessíveis.

 

Então, torcedor vascaíno, tá na hora de deitar no imaginário divã do futebol  e ponderar: o que deveria ser mais relevante para o seu time neste estágio da temporada? Viver de um ressentimento tolo, fruto de uma bravata do passado, alimentada pela torcida rival e endossada por boa parte da mídia? Ou desejar que o Vasco jogue um futebol com mais qualidade, coragem e inteligência, buscando voltar aos momentos mais gloriosos de sua história, independentemente de quem tenha que superar?

De cabeça fria, mesmo após mais uma derrota em final para o Flamengo, é razoável concluir que, se não é o melhor time do Brasil só porque conquistou a Taça Guanabara com 100% de aproveitamento, o Vasco também está longe de ser o desastre que os mais pessimistas se precipitaram em vaticinar após o revés de domingo.

Portanto, vascaíno, não é hora de valorizar dramas estéreis. O momento pede serenidade.

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