O torcedor vascaíno nessa atual temporada tem vivenciado fortes emoções. 2018 tem sido mais uma daquelas temporadas pra se esquecer. Entra ano e sai ano, ficamos pra trás ante a nossos rivais nacionais, pois não conseguimos desde 2011 montar uma equipe competitiva para disputar as primeiras colocações nos campeonatos que disputamos. É sabido por todos que a crise política tem afetado diretamente. O desânimo, a resignação, a ironia e até mesmo o descaso, tem sido visto no discurso de alguns (ou maioria?) dos vascaínos ante ao momento ruim que se estende a pelo menos dez anos.

Se discute também em fóruns ligados ao clube, se de fato a torcida tem alguma parcela de culpa por esse momento vivido pelo clube. De antemão, digo que não! A torcida do Vasco tem sido paciente até demais ante aos desmandos e desorganização que se encontra o clube há anos. Muitos que se insurgem como realistas, tem sido acusados de pessimistas. O otimista tem sido criticado como ideário de uma utopia desmedida. E assim caminha a humanidade.

Me permitam de forma filosófica definir os conceitos, para que venhamos a refletir sobre o clube e tudo que o envolve. Afinal de contas, o copo pode estar vazio, cheio ou meio vazio dependendo do ponto de vista, certo?

O otimista, é aquele indivíduo com a concepção ou noção segundo a qual a realidade é “boa” por sua própria natureza. Desse modo, o “Bem” sempre vence o “Mal”. O Otimismo teve entre seus defensores os adeptos do Estoicismo, Spinoza (1632/1677, Holanda), Leibniz (1646/1716, Alemanha) e vários outros. Leibniz, aliás, é considerado o principal adepto dessa tendência. Otimista, chegou a afirmar que “este Mundo é o melhor dos Mundos possíveis”.  O “Mundo criado por Deus” seria o melhor dentre todas as alternativas existentes. Ainda segundo ele: “entre uma infinidade de Mundos possíveis, há o melhor de todos, caso contrário Deus não teria chegado a criá-lo”. O apego ao “otimismo” num contraponto à frieza da realidade numérica. Buscava o que todos buscam: o exercício da “esperança” em dias melhores. É o sentimento e não a racionalidade que pode prever (ou só desejar?) tempos futuros mais amenos. Todo vascaíno tem uma “centelha” otimista dentro de si. Acordamos todas as manhãs com a esperança de que o Vasco voltará a ser uma potência, entretanto é necessário uma dose de realismo, pois no futebol moderno, não se ganha somente com a força da camisa.

O pessimista é taxado como aquele que se dá à atitude e/ou à expectativa repleta de negatividade em relação aos fatos. Sempre aguardando que o pior aconteça e/ou considerando a realidade como adversa por sua própria natureza e crendo na impossibilidade de se fazer algo que transforme as condições opressivas e as expectativas sombrias. Tal como seu oposto, o pessimismo não constitui uma “Escola Filosófica”, porém alguns filósofos, especialmente Schopenhauer (1788/1860, Alemanha) tiveram suas doutrinas rotuladas como “pessimistas”. Aqui é interessante notar que nem o filósofo alemão, nem qualquer outro que também tenha sido rotulado de pessimista, teceram qualquer elogio ou apologia ao Pessimismo. Schopenhauer, por exemplo, em sua obra-prima “O Mundo como Vontade e Representação” limitou-se a analisar a Realidade e, nela, o poder do “Desejo”, da “Vontade (de viver)” como a Essência dessa Realidade. Para ele, a “Vontade de viver” ou o “Instinto de Sobrevivência” é o motor que movimenta todos os seres na sua luta pela sobrevivência própria e de sua espécie. O que se pode ver, o pessimista se enxerga como realista, assim como Shopenhauer, todavia para esse, o Vasco não tem mais solução, ou, somente com a saída destes dirigentes vaidosos que a cada dia apequenam o clube com suas atitudes mesquinhas.

Por fim, o realista, do ponto de vista filosófico sustenta o princípio da transcendência do objeto em relação ao sujeito para afirmar, deste modo, a total e completa independência entre a realidade e a consciência. Trata-se, pois, de uma atitude epistemológica segundo a qual há coisas reais, independentes da consciência. O realista é aquele que fala baseado no que vê, e ao enxergar o Vasco dividido politicamente, sem uma estrutura adequada, endividado, com uma equipe fraca tecnicamente, um estádio ultrapassado e deficitário, opina dessa forma.

Porém uma coisa é certa, independentemente se você é otimista, Shopenhauer, ops… pessimista (rsrs) ou realista, somos vascaínos e JAMAIS abandonaremos nosso amor. A cruz de malta foi marcada a ferro e a fogo em nosso coração. Temos que cada dia unirmos as forças para salvarmos o Vasco antes que seja tarde.

(+) Saudações Vascaínas (+)

Fonte: recanto das letras- autor Fabio Renato Villela