Quando Alberto Valentim foi anunciado para o comando do Vasco, a primeira coisa que veio à cabeça foi escrever um artigo que pudesse refletir o que eu esperava do novo técnico e a minha opinião sobre a resistência de Campello para a efetivação de Valdir no comando da equipe.

Naquele momento, mesmo com o baixo rendimento técnico e os diversos erros na zaga que Jorginho não conseguiu resolver, o Vasco ainda estava posicionado no meio da tabela e com 2 jogos atrasados, num campeonato que tem se mostrado de baixo nível técnico, com as equipes passando muita dificuldade para pontuar em sequência.

A falta de um nome de consenso, tanto para a torcida, quanto para a diretoria, permitia que, aos poucos, o eterno interino Valdir, pudesse colocar suas ideias em prática. Nome forte entre os jogadores e apoiado por boa parte da torcida, Valdir seguia, partida a partida, fazendo um trabalho que, mesmo sem ter muito brilho, se destacava pela entrega dos jogadores, por uma organização defensiva superior (inclusive com marcação duplicada), contudo, sem abdicar de uma saída rápida nos contra-ataques.

O Vasco de Valdir atuava com garra e, pouco a pouco, começava a ter uma cara, representando com muita dignidade, a grandiosidade do Vasco, que sempre se reergueu nos momentos mais difíceis de sua história, ou nas histórias de suas partidas, através de memoráveis viradas.

O quadro que transcorria, se não era o melhor e definitivo, era estrategicamente interessante para as ambições do atual presidente Alexandre Campello. Afinal, se ele contratasse um novo técnico e a equipe não fosse bem, dificilmente ele poderia fazer mudanças radicais imediatas, até mesmo por motivos financeiros. Já com a permanência de Valdir, nada disso aconteceria. Campello poderia manter o interino enquanto os resultados fossem favoráveis, acompanhando o importante termômetro da torcida e da imprensa esportiva, deixando para decidir sobre uma troca definitiva ou efetivação do Bigode em momento futuro.

Campello e sua equipe tinham apenas que optar por um ou outro caminho e, em caso de contratação de um novo técnico, decidir entre uma promessa do mercado ou um nome mais experiente.

Tudo levava a crer que Valdir continuasse no comando do Vasco como interino, quando, repentinamente, o nome de Alberto Valentim passou a ser cogitado com força, talvez até por oferta de empresário, após este ter finalizado sua breve passagem de apenas 3 partidas pelo Pyramids do Egito.

O fato é que, curiosamente, a Diretoria do Vasco passou de uma situação mais confortável, uma vez que a pressão para a troca definitiva de técnico não era tão grande, para uma necessidade de decidir logo se chamaria (ou aceitaria a oferta) ou não o ex-técnico do Botafogo para preencher a vaga em aberto.

E, essa mudança repentina nos rumos da direção da equipe, se mostrou um desastre total. Alberto Valentim é um técnico jovem, claramente ainda sem muita experiência na gestão de pessoas; possui ainda um arsenal muito pequeno de soluções táticas e pior; demonstra de forma bem notória que tem na cabeça um padrão de jogo e, aparentemente, acha que qualquer que seja a equipe que treine, formada por qualquer que seja o elenco, deverá atuar dessa maneira, bastando muito trabalho para isso (neste caso ele esquece que isso demanda um tempo que nenhum time em meio de campeonato possui).

O novo comandante chegou com poder, força e apoio da diretoria. Entretanto, com muita arrogância, sem sequer querer observar que mudanças importantes já haviam sido feitas por Valdir, para melhor inclusive, e sem o tempo necessário para entendê-las, analisá-las e absorvê-las, mudou tudo. Mudou esquema, mudou jogadores, mudou posicionamento, e acabou mudando também o espírito.

O Vasco de Alberto Valentim passou a ser um time apático, confuso, fraco. Poucas peças mantiveram alguma regularidade (Luiz Gustavo talvez tenha sido o único) e o Vasco passou a ser presa fácil, novamente, para qualquer adversário, só que agora também no Rio de Janeiro.

Alberto Valentim esqueceu do básico (aliás esquecer pressupõe que se conheça de antemão). De que um time de futebol é feito de pessoas (infelizmente mais instáveis do que outros profissionais), com características diferentes e que essas diferenças precisam ser levadas em consideração. Uma mudança radical na forma de atuar, somente pode acontecer com trabalho, com tempo e que a conquista pelo profissional precisa ocorrer primeiro.

O que se evidencia cada vez mais é que o novo técnico não possui o time na mão, não ouviu os jogadores e tampouco o técnico interino; que ele trabalha mais na imposição do que na conquista, colocando inclusive sua equipe em cheque em algumas derrotas, quando disse que o time teria que trabalhar muito, que a torcida deveria ter vaiado mais do que vaiou e que tudo o que ele pediu, os jogadores fizeram diferente.

Valentim ….  não se expõe o grupo dessa forma. O fruto a se colher é amargo demais !!

Ontem, pela 4ª vez consecutiva no comando de Valentim, a equipe tropeçou, e mais uma vez em um adversário direto pela briga contra o rebaixamento. A derrota para o Vitória-BA reforçou mais ainda a dificuldade que o Vasco terá até o fim do campeonato para não entrar ou até mesmo para sair do Z4.

Analisando mais tecnicamente, pudemos observar, além da falta de disposição com que a equipe se apresentou, situações esdrúxulas como começar o jogo com dois atacantes (Maxi e Rios) e continuar acionando-os com ligações diretas da defesa. Não seria melhor montar um esquema para que a bola chegasse mais “redonda” para eles? E por que não manter apenas o Maxi e colocar jogadores mais rápidos ao seu lado?

Além disso, a única desculpa plausível que se pode dar para o não aproveitamento de Thiago Galhardo, é a de que alguém está determinando, de fora, essa decisão. Aliás, o que está acontecendo com o excelente meia vascaíno é muito parecido com o que Celso Roth fez com Gilberto no passado, e que levou o bom centroavante daquele time a sair do clube.

As peças não se encaixam, as substituições são malfeitas, jogadores que devem atuar livres, como Pikachu, atuam sem liberdade e suas produtividades simplesmente despencam. Atletas competentes como Maxi Lopez e Lenon, que melhoravam a cada jogo, sumiram. O meio campo não cria.

Mas, ainda assim, não culpo quem entrou em campo. A base é a mesma da que, há 4 rodadas, orgulhava a torcida do Vasco pela determinação, mesmo os resultados não sendo os melhores. Aparentemente, estávamos no caminho certo.

Afinal, mais uma vez, reforço que demorei muito para extravasar o que previa sobre Alberto Valentim como o novo técnico do Vasco. Talvez por ser um otimista e um ardoroso torcedor vascaíno, que deseja realmente que tudo dê certo e que o Vasco encontre seu caminho. Eu realmente torci para estar errado sobre o novo técnico, mas após o revés contra o Vitória-BA, reconheço que entreguei os pontos, não sobre o Vasco, por quem estarei de pé e à ordem sempre, mas esperando que, imediatamente, a presidência do Vasco, na pessoa de Alexandre Campello, conserte o erro que cometeu, antes que seja tarde para a nossa permanência na série A.

Ah! E se eu estiver errado, voltarei aqui e, com humildade, me redimirei.

VALENTIM !!! PEDE PARA SAIR

Saudações Vascaínas